CORPO E SUBJETIVIDADE: INTERSECÇÕES ENTRE O TRABALHO FISIOTERAPÊUTICO E O ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO EM UMA PACIENTE AMPUTADA.

AMANDA FERRARI, ANA JULIA VOGNACH, ARIANE BARBON BIANCHINI, CIBELI SOPELSA, RAFAEL KNIPHOFF DA SILVA, MARCUS VINICIUS CASTRO WITCZAK

Resumo


Introdução: O Serviço de Reabilitação Física Nível Intermediário (SRFis) é um projeto de extensão comunitária da Universidade de Santa Cruz do Sul, conveniado com o SUS. Este serviço multidisciplinar atende pessoas com deficiências físicas, como amputações ou acometimentos neurológicos, bem como seus familiares, numa perspectiva múltipla e integral, com profissionais e estudantes das áreas de Fisioterapia, Fonoaudiologia, Enfermagem, Medicina, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional. Objetivo: Apresentar um estudo de caso clínico do Serviço de Reabilitação Física Nível Intermediário da UNISC (SRFis), de uma paciente de 38 anos, com amputação (desarticulação de joelho) devido ao processo de quimioterapia que resultou em uma trombose venosa profunda. Metodologia: Este é um estudo do tipo observacional exploratório, com consentimento do sujeito pesquisado para utilização dos dados em pesquisa científica e para apresentação do caso. Resultados: Antes de ser protetizada, foi necessário o trabalho para a diminuição de um neuroma, formado na parte distal do coto. A protetização ocorreu após seis meses de amputação, pela Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), serviço contratado/terceirizado por este projeto. Apresentava queixas referentes à sua vida social e pessoal e perturbava-se com a posição da família devido ao seu caso. Os atendimentos ocorreram durante o primeiro semestre de 2014 na Clínica FisioUNISC, sendo um projeto de aspecto multiprofissional e interdisciplinar, com atendimento da fisioterapia e psicologia, especificamente nesse caso. Os atendimentos fisioterapêuticos foram baseados na dessensibilização do coto, utilizando as bolinhas de propriocepção e outros aparatos com diferentes texturas; adaptação à prótese, com foco no treino de marcha e na autonomia; diminuição da dor sentida pelo neuroma, através da eletroterapia. Nos primeiros atendimentos, a paciente chegou com auxilio da muleta e se sentia insegura quando se ausentava delas, atualmente ela é independente. Os acompanhamentos psicológicos objetivavam a escuta clínica, estimulando e motivando a paciente a voltar240à sua rotina de trabalho pós protetização (sentimentos de segurança/insegurança). Auxiliando também na aceitação de si, na produção subjetiva de bem-estar e restabelecendo sua auto-estima. Houve momentos de crise durante este processo, por medo de recidiva do câncer, que foram sendo trabalhados à medida que apareciam. Conclusão: Dentre os resultados obtidos, a paciente retomou a sua rotina de trabalho com independência e segurança, perante o uso da prótese sem o auxílio de muletas. O seu relacionamento familiar e amoroso melhorou significativamente devido à aceitação de sua condição física. A relação desta com a equipe multiprofissional foi satisfatória. O empenho e a empatia, tanto do paciente quanto da equipe, estimula na obtenção de melhores resultados, sendo um facilitador para o processo de reabilitação. A discussão do caso em conjunto, visando um olhar múltiplo e integral, demonstra a importância da interdisciplinaridade para abertura comunicativa e aderência ao tratamento. A paciente ainda permanece em atendimento neste Serviço, porém com outra equipe de trabalho.


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