RELATO DE EXPERIÊNCIA DE SENSIBILIZAÇÃO SOBRE TRABALHO INFANTIL EM UM PLANTÃO DE URGÊNCIA PEDIÁTRICA NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL

ROBERTA CRUZ DOS SANTOS, SILVANA SPALL EISENHARDT, MARCOS MOURA BAPTISTA DOS SANTOS, MICILA PIRES CHIELLE, SUZANE BEATRIZ FRANTZ KRUG

Resumo


INTRODUÇÃO: O trabalho infantil é definido como qualquer trabalho exercido por crianças e adolescentes com idade até 14 anos, sendo que a legislação brasileira permite a condição de aprendiz dos 14 aos 16 anos de idade com leis específicas para este fim. Dos 16 aos 18 anos o adolescente pode trabalhar com seus direitos trabalhistas assegurados desde que sua atividade não seja penosa, perigosa, insalubre ou noturna. Infelizmente, uma das principais causas dos problemas no combate ao trabalho infantil é questão cultural que leva os adultos a acreditarem que o trabalho seria a solução para a retirada das crianças das ruas, do envolvimento com drogas, da facilidade na inserção ao mercado de trabalho e para a complementação da renda das famílias. No entanto, estudos demonstram que o trabalho precoce traz graves prejuízos à saúde física e mental das crianças e adolescentes afetando o seu desenvolvimento como um todo e impedindo que utilizem o seu potencial para um desenvolvimento saudável, pois exige a adultização do ser humano antes do devido tempo, tanto física quanto mentalmente. Desta forma percebe-se a necessidade de informação por todos os segmentos da sociedade, em especial a rede de atenção à criança e ao adolescente. Para este fim realizou-se atividades educativas de sensibilização com a equipe de enfermagem de um serviço de saúde pediátrico. A escolha destes profissionais se deve ao fato de que são eles que recebem e inicialmente atendem os casos de acidentes de trabalho e outros agravos com as crianças, podendo assim suspeitar da relação entre o agravo e o trabalho. OBJETIVO: Sensibilizar e capacitar a equipe de enfermagem de um Plantão de Urgência Pediátrico no município de Santa Cruz do Sul sobre a importância da atenção, investigação e notificação de casos de trabalho infantil atendidos neste local. METODOLOGIA: Estudo tipo relato de experiência de trabalho realizado pelo PET/Vigilância em Saúde do Trabalhador em um plantão de urgência pediátrico visando a sensibilização sobre o trabalho precoce e seus prejuízos. A metodologia usada foi uma conversa com a equipe de enfermagem esclarecendo conceitos e prestando orientações de como proceder em um caso suspeito e a obrigatoriedade da notificação no Sistema de Informações de Agravo de Notificação/SINAN. Como a escala é dividida em plantões de 24 horas, foi necessário cinco encontros durante uma semana, de segunda a sexta-feira, para contemplar toda equipe. Para a sensibilização foi utilizado o folder educativo do Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador da Região dos Vales 226 CEREST/Vales 226 com tema: Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil - 12 de junho. RESULTADOS: A equipe de enfermagem do plantão pediátrico se mostrou interessada no assunto, trazendo relatos importantes e comprometimento em notificar e encaminhar ao CEREST/Vales os casos suspeitos de trabalho infantil para a investigação e demais procedimentos. CONCLUSÃO: Concluiu-se que os profissionais vivenciam quase que diariamente casos suspeitos de trabalho infantil e não identificam a necessidade de atenção ao problema evidenciando a causa da subnotificação de casos e a desinformação dos profissionais sobre os conceitos e os riscos para a saúde da população infanto-juvenil, bem como as consequências negativas sobre a vida dos indivíduos submetidos ao trabalho precoce.


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