Introdução:240O paciente que apresenta câncer necessita de tratamento complexo e longo como, por exemplo, a quimioterapia e a radioterapia. Se o indivíduo morar em um município pequeno ou interiorano, geralmente há a necessidade de locomoção para a cidade onde se encontra um Centro Especialista em Oncologia (CEON). Essa jornada, muitas vezes, causa um grande desgaste físico e emocional aos envolvidos. Durante as atividades do Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET-Saúde) em seu projeto de Prevenção ao Câncer, foi possível acompanhar o itinerário terapêutico dessas pessoas.240Objetivo:240Relatar a experiência de duas bolsistas do PET-Saúde durante o contato com pacientes oncológicos que necessitam se deslocar de sua cidade de origem para tratamento em nível terciário.240Metodologia:240Trata-se de um relato de experiência sobre a vivência de duas acadêmicas da saúde, durante suas atividades como bolsistas do projeto PET-Saúde 223Estratégias de Prevenção do Câncer: um enfoque na atenção básica para ações de vigilância e diagnóstico precoce224, em acompanhamento dos pacientes em deslocamento do município de Venâncio Aires para Santa Cruz do Sul para tratamento.240Resultados: Verificou-se que muitos pacientes necessitam realizar viagens, em muitos casos mais de uma vez durante a semana, entre o município de origem e o local onde se encontra o centro de referência em tratamento do câncer. Além disso, como muitos dependem de transporte coletivo fornecido pela Secretaria Municipal de Saúde, é frequente ocorrer uma grande espera após o procedimento, já que todos devem aguardar até que o último paciente seja atendido. Observou-se também que durante o período de espera, os pacientes tem a oportunidade de se relacionarem, conversarem sobre o tratamento que estão realizando e trocarem experiências de vida, utilizando o deslocamento como forma alternativa de terapêutica.240Conclusões:240Para muitos municípios é inviável dispor de um centro especializado de tratamento oncológico, sendo indispensável a dependência de centros maiores para que a assistência aos pacientes seja possível. No entanto, além da viagem, a espera para retorno após o atendimento, frequentemente, é bastante cansativa e entediante ao mesmo tempo em que serve para troca de angústias, dúvidas e saberes. Esse acompanhamento do trajeto dos pacientes para tratamento possibilitou perceber que seria importante a existência de um espaço destinado à recreação, lazer ou descanso, para que os pacientes pudessem contar com maior conforto durante a rotina, às vezes diária, de tratamento oncológico. Outra observação foi a necessidade de organização de grupos terapêuticos entre os pacientes durante o deslocamento e o período em que aguardam o retorno à sua residência, com a finalidade de formação de rede de apoio, melhorando a qualidade de vida desse período difícil e, muitas vezes, de isolamento, criando sentimento de pertencimento e melhorando o enfrentamento.