OFICINAS TERAPÊUTICAS DENTRO DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSIAL DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

SILVIA VIRGINIA COUTINHO AREOSA, RAFAELA PEREIRA SILVA

Resumo


Este trabalho de análise é uma reflexão sobre as práticas desenvolvidas no Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência com enfoque nas Oficinas Terapêuticas enquanto dispositivo procedente da Reforma Psiquiátrica, o qual busca, através da criação de atividades em grupo, a reabilitação e inserção social, ampliação de habilidades, resgate de autonomia, valorização da singularidade, poder criativo, entre outros. A análise realizada no Estágio Integrado em Psicologia objetivou reflexão/intervenção sobre as oficinas terapêuticas, enquanto ferramenta de tratamento de usuários com sofrimento psíquico e observação dos processos instituintes e sua relação com o instituído, para que se alcance uma melhor compreensão de como esses atuam no cotidiano e nas práticas do serviço, além de verificar se estão de fato produzindo espaços de criação com efeitos terapêuticos. A realização desse trabalho se deu através da participação dos participantes240nas oficinas terapêuticas, reuniões de equipe, entrevista com os técnicos e análise dos prontuários dos usuários bem como, realização de trabalho teórico. E como proposta de intervenção foi criada uma nova oficina terapêutica, para que, através da prática, fosse possível experimentar todos os desafios presentes em coordenar de fato essa atividade. Através de analisadores verificou-se que, para os técnicos, as oficinas são espaços de potencialização das relações sociais, de criação, de construção de habilidades e de produção de autonomia, porém questões mais singulares e específicas de cada um são tratadas de maneira mais individualizada, com o propósito de não expor aos demais. Quanto ao planejamento das atividades,240os técnicos buscaram240a construção, em conjunto com o grupo, porém ressaltaram a dificuldade que possuem de realizar atividades em que todos se envolvam e queiram desenvolve. Os mesmos acreditam que essa dificuldade acontece por se trabalhar com crianças e adolescentes, um público,240situação240que240exige240inovação e criatividade constante. Em relação à avaliação e efetividade das oficinas, essas aparecem apenas relacionadas às crianças/adolescentes, sendo feitas constantes avaliações, algumas semanalmente, com o próprio grupo, outros com percepções mais individualizadas de cada um e de como estão se desenvolvendo. Também se observou que os usuários possuem uma visão das oficinas semelhante ao modelo escolar, alguns não possuindo um entendimento concreto do processo terapêutico. O desenvolvimento da nova oficina possibilitou também a reflexão sobre a importância de se pensar o fazer. É necessária uma autoanálise sobre o que se está produzindo nesses espaços e encontros com os usuários. Percebeu-se que para iniciar um movimento, mesmo que pequeno, é necessário uma discussão teórica sobre a ideologia da reforma e a aplicação de suas propostas, pois o maior desafio talvez não seja a implementação, mas como se está fazendo e que rumos essas propostas vêm tomando no cotidiano dos serviços substitutivos.


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