VOLTANDO PRA CASA: A EXPERIÊNCIA DO ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL E OS IMPACTOS NA FAMÍLIA
Resumo
É no espaço da família que subjetividades são construídas e reconstruídas. Reconhecida como principal rede de apoio, cuidado e proteção, a família ocupa um papel central na sociedade. Na impossibilidade deste sistema em assegurar tal cuidado, cabe ao Estado garanti-lo através da aplicação de medidas de proteção à criança e ao adolescente, como o acolhimento institucional. Por tratar-se de uma medida excepcional e provisória, tem-se como objetivo o retorno da criança ao lar frente a mudanças no contexto familiar que possibilitem sua adequada reinserção. Este estudo é fruto de um Trabalho de Conclusão do Curso de Psicologia que teve como objetivo resgatar estas experiências familiares, buscando compreender os significados atribuídos pelas famílias que tiveram filhos institucionalizados acerca da experiência do Acolhimento Institucional e os impactos do retorno gerados neste contexto. A partir de um estudo qualitativo e com a utilização de entrevistas semiestruturadas, foram entrevistadas cinco famílias com histórico de acolhimento institucional de crianças que, após a medida, retornaram ao contexto de origem. Os dados foram analisados a partir da Análise de Conteúdo proposta por Bardin e, posteriormente, categorizados. Os resultados apontam que a experiência do acolhimento institucional foi retratada pelas famílias como positiva e como possibilidade de superação, uma vez que produziu uma conscientização acerca do desempenho dos papéis parentais. As famílias compartilharam sentimentos similares frente à saída dos filhos, principalmente tristeza, angústia e culpa, responsabilizando-se pela medida. Os significados gerados a partir da saída da criança do lar indicaram a presença de sofrimento na família e o reconhecimento de um lugar afetivo ocupado pela criança neste sistema. As trajetórias para trazer o filho de volta ao lar foram atravessadas por diversos aspectos, como as condicionalidades e exigências impostas tanto pelo judiciário quanto pelos profissionais que verificam o real interesse da família nos filhos. Quanto à reinserção familiar, percebeu-se que as famílias significaram este processo como um momento permeado por mudanças no sistema, especialmente nos relacionamentos dos subsistemas parental e conjugal e na relação de afeto com o filho reintegrado. Pode-se constatar a tentativa de algumas famílias em reproduzir o ambiente da instituição de acolhimento através da aplicação de regras, a fim de manter o comportamento do filho. No entanto, muitas destas famílias relatam impotência no hora de replicar este contexto, retornando aos mesmos hábitos e formas de organização. Há de se problematizar de que forma a reinserção familiar é efetivamente realizada, uma vez que muitas famílias retrataram a dificuldade de contato com a instituição de acolhimento no período da medida, inexistindo, em alguns casos, o preparo gradativo para o retorno da criança. Observou-se que a possibilidade de retorno da criança ao lar foi retratada neste estudo como uma nova oportunidade para a família desempenhar seus papéis. No entanto, destaca-se o quanto um trabalho preventivo e promocional poderia evitar que as dificuldades encontradas pelas famílias chegassem ao extremo, resultando no acolhimento institucional. Compreende-se, ainda, a necessidade de novos estudos que considerem a implicação da família no contexto institucional.
Palavras-chave: Família; Subjetividades; Acolhimento.
Palavras-chave: Família; Subjetividades; Acolhimento.
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