O ESTRANHAMENTO COM A DIFERENÇA E A NATURALIZAÇÃO DA IGUALDADADE: RELATO DE ESTÁGIO SOBRE O PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA EQUIDADE

Ana Carolina Rios Simoni, Alíssia Gressler Dornelles, Yanaê Maiara Meinhardt, Letícia Aline Back, Karla Gomes Nunes

Resumo


Este trabalho apresenta um relato de experiência em torno do estágio curricular em Psicologia na gestão estadual em saúde, com o objetivo de destacar o processo de implementação das Políticas de Promoção da Equidade em Saúde na Região Vinte Oito, mais especificamente, no que se refere à saúde da população negra e saúde da população LGBT. Essas políticas nascem na última década, impulsionadas pela reivindicação organizada dos movimentos sociais, com o intuito de diminuir as vulnerabilidades as quais estão expostos grupos populacionais específicos, tais como: a população negra, a população LGBT, a população do campo e da floresta, a população em situação de rua, população das pessoas com deficiência, a população cigana e a população privada de liberdade no sistema prisional. Os movimentos realizados na 13º Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) estão voltados especialmente para a população negra e à população LGBT por considerar maior necessidade de visibilizar os determinantes sociais de saúde destas populações, considerando o contexto cultural de estigma e preconceito presente em nosso Estado, que impactam de forma significativa no acesso destas populações aos serviços da rede de saúde. O processo de implementação está em fase inicial de realizar o levantamento e produção de dados sobre estas populações e a organização de um cronograma de visitações a alguns serviços estratégicos, como os Núcleos de Apoio a Saúde da Família (NASFs), Estratégias de Saúde da Família (ESFs), serviços especializados, (como os centros especializados em doenças infectocontagiosas), a rede estadual de educação e contatos com o controle social. A aproximação com as equipes de saúde e os espaços de conversa vem possibilitando que estas políticas públicas sejam pautadas nos serviços, provocando discussões necessárias e produzindo outros olhares para essas populações. Entendemos que estes momentos têm se configurado como dispositivos de Educação Permanente em Saúde, nos quais os trabalhadores têm conseguido trazer suas dúvidas, suas crenças e suas experiências cotidianas com estas populações, a partir das quais se mostram o desconhecimento quanto aos determinantes sociais de saúde e, principalmente, aos direitos destes grupos específicos. Quanto à população LGBT se evidencia um estranhamento com o tema e ainda certa confusão das diferentes expressões de sexualidade e gênero, que frequentemente leva a uma dificuldade em reconhecer as reais demandas de saúde e a homogenização das ofertas de cuidado que partem de uma matriz heterossexual. No que se refere à população negra, percebe-se uma tendência das equipes a tomar a igualdade racial como algo dado e natural, desconsiderando o contexto estrutural histórico brasileiro de desigualdade que faz do racismo um importante determinante social de saúde. Nesse sentido, o processo de implementação das Políticas de Promoção de Equidade vem abrindo novos caminhos e novos espaços de construção de estratégias de cuidado com equidade na rede de saúde.

Palavras-chave: Políticas de Promoção de Equidade em Saúde; população negra; LGBT.


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