A IMPORTÂCIA DO CIRUGIÃO DENTISTA NO ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO À PACIENTE COM OSTEONECROSE ASSOCIADA AO USO DE BISFOSFONATOS

Paola Arosi Bottezini, Magda de Souza Reis, Jose Luiz Piazza

Resumo


O atendimento à pacientes oncológicos envolve uma equipe de saúde transdisciplinar, que tem como base o enfoque pluralista do conhecimento. Através da articulação de inúmeras áreas do conhecimento, objetiva-se alcançar a unificação do saber, no intuito de garantir qualidade de vida e bem-estar aos pacientes. Como parte desta equipe, o Cirurgião-Dentista tem um papel muito importante na prevenção e tratamento de doenças bucais oriundas do tratamento radioterápico e quimioterápico aos quais os pacientes oncológicos são submetidos. No segundo semestre de 2015, o paciente J. L. L, 63 anos, do sexo masculino, leucoderma, compareceu à Clínica de Odontologia da UNISC em busca de tratamento odontológico, referenciado pela Médica Oncologista que estava à frente do seu tratamento oncológico em Porto Alegre. Durante a anamnese, o paciente relatou que passou por cirurgias, quimioterapia e radioterapia para o tratamento de tumores no rim, pelve, pulmão e cérebro. Ainda no hospital, durante o tratamento para o câncer, relatou que passou por extrações dentárias e agora buscava acompanhamento odontológico para tratamento da dor e do mau hálito que o incomodava. No momento, estava fazendo uso de quimioterapia via oral e alandronato via endovenosa. O alandronato pertence a uma classe de bisfosfonatos utilizado para o tratamento de doenças ósseas, tais como neoplasias malignas com metástase óssea. Ao mesmo tempo em que proporciona benefício ao paciente por impedir as metástases, promove uma remodelação óssea tão grande que resulta em pontos de avascularização e consequente necrose, em especial, nos ossos maxilares. Após exame físico do paciente, constatou-se a presença de sequestros ósseos do lado direito da mandíbula, correspondente à região que foram feitas extrações dentárias. Apesar da etiopatogenia dos sequestros ósseos ainda ser incerta, o trauma e a intervenção cirúrgica dos tecidos duros e moles da boca são considerados fatores desencadeantes da condição em pacientes que fazem uso do referido fármaco. Para elaboração do plano de tratamento do paciente, foram solicitados exames complementares, como radiografia panorâmica e tomografia computadorizada dos maxilares. Os exames foram cuidadosamente analisados. Observou-se áreas de osso com característica de “roído por traças” do lado direito da mandíbula, com uma radiopacidade periférica muito característica do uso de bisfosfonatos. O tratamento da osteonecrose é bastante complexo e diversos protocolos terapêuticos vêm sendo descritos na literatura com índices variáveis de sucesso. Após estudo do caso, optou-se por realizar acompanhamento, com sessões de profilaxia e curetagem dos sequestros, associado à prescrição de antibiótico nos períodos em que houvesse maior grau de infecção e inflamação. Durante este período de acompanhamento e tratamento, houve comunicação entre a equipe odontológica e a Médica Oncologista responsável pelo caso do paciente. A conduta de atendimento estipulada é considerada uma medida paliativa que objetiva melhorar a qualidade de vida do paciente perante a doença. A literatura enfatiza a importância do Cirurgião-Dentista no acompanhamento do paciente após a instalação da osteonecrose, entretanto, ressalta ainda mais o seu valor na prevenção desta condição. A relação entre Médicos e Cirurgiões-dentistas deve ser otimizada no intuito de compartilhar conhecimentos, experiências e de trabalhar em prol da saúde e bem-estar dos pacientes.

Palavras-chave: pacientes oncológicos; doenças bucais; tratamento radioterápico e quimioterápico.


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