A INSTITUIÇÃO CVV IMERSA NO CONTEXTO SOCIAL ATUAL: REFLEXÕES ACERCA DESTA RELAÇÃO.

Natália Sulzbach, Rosangela Cruz

Resumo


O presente trabalho visa desenvolver uma análise institucional no Centro de Valorização da Vida (CVV) de Santa Cruz do Sul, onde, inicialmente, a questão principal a ser trabalhada é a do suicídio. Todavia, durante a realização da análise, constatamos que as questões que envolvem a instituição CVV dizem respeito a aspectos da dimensão social, que produz uma sociedade doentia, mas que tem no CVV um simples espaço de escuta. Neste sentido, o objetivo do trabalho é contemplar as questões sociais que envolvem o CVV e de que forma se dá a relação entre a instituição e a sociedade. A análise institucional realizada no presente trabalho se estrutura a partir de três grandes elementos: campo de análise, campo de intervenção e diagnóstico provisório. O trabalho foi desenvolvido no primeiro semestre do ano de 2016, na disciplina de Estágio Básico A – Processos Institucionais do Curso de Psicologia. A realização deste trabalho se deu através de experiências na instituição CVV (diálogos com os voluntários e com o coordenador e participação em algumas reuniões mensais de equipe), embasamento teórico, reflexões e supervisão com a professora orientadora. A metodologia aplicada para o desenvolvimento deste trabalho foi a partir dos seguintes recursos: (1) idas à instituição CVV de Santa Cruz do Sul, (2) seguido de bibliografias sobre Psicologia Institucional, Sociologia, Psicanálise, Análise Institucional e livros referentes ao histórico e funcionamento do CVV, (3) da reflexão a partir da vivência e do estudo nos momentos de supervisão. O CVV se constitui historicamente como uma instituição voltada para a prevenção do suicídio. No entanto, não é possível pensar o suicídio como um fator isolado, sendo necessário pensar de que forma nossa sociedade está produzindo subjetividades que levam ao suicídio. Nesse sentido, elencamos três aspectos gerais da nossa sociedade que a caracterizam como disfuncional e doentia, e que, seguindo esta lógica, desencadeiam o suicídio: o conflito presente na constituição da subjetividade do sujeito diante da interação com o meio social, as relações inconstantes que caracterizam um modo de viver na contemporaneidade e a negligência e negação do sofrimento e a falta de espaço para expressá-lo. O principal resultado do trabalho foi perceber como se dá os modos de subjetivação na nossa sociedade e como este fenômeno influência no funcionamento da instituição CVV. A instituição se encontra atualmente fragilizada, bem como a sociedade em que está imersa. Percebe-se um ciclo vicioso que se retroalimenta: uma sociedade capitalista que negligencia o sofrimento e que visa consumir somente a felicidade e uma instituição desestabilizada e desmotivada por não saber lidar com esta situação social atual. Conclui-se, tendo em vista as considerações realizadas acerca da análise institucional desenvolvida no presente trabalho, que a instituição CVV se encontra fragilizada e sendo um reflexo da sociedade, também está permeada de relações inconstantes, presenciando contínuos conflitos entre indivíduo e social e não permitindo estabelecer um espaço para manifestar os próprios sofrimentos vivenciados dentro do CVV. Ou seja, assim como foram apontados aspectos que fragilizam os sujeitos e suas relações, também os percebemos no funcionamento do CVV enquanto instituição imersa neste contexto social.

Palavras-chave: suicídio; subjetividades; sociedade.


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