PSICOTERAPIA SISTÊMICA NA INTERFACE COM A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Fabiana de Campos, Dulce Grasel Zacharias

Resumo


O presente trabalho é o resultado da experiência de Estágio Integrado em Psicologia II, realizado no Serviço Integrado de Saúde - SIS/UNISC. O estudo refere-se ao caso de uma paciente vítima de violência doméstica, que se apresenta com medo das constantes ameaças do marido, mas tem esperança da mudança de comportamento do cônjuge. A paciente estava com 19 anos e grávida de quatro meses quando se casou. Já o marido estava com 22 anos. Estão casados há aproximadamente 30 anos. O uso abusivo de álcool e o ciúme por parte do parceiro, assim como a presença de abuso de álcool da família de origem são fatores associados à violência atual. A queixa apresentada inicialmente refere-se ao fato de não conseguir manter o seu relacionamento. Este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise dinâmica acerca de um caso clínico de uma paciente de 51 anos, que apresenta dificuldades em manter um relacionamento saudável com o marido devido a uma vida marcada por violências no casamento. Vinculado à psicoterapia sistêmica, o processo terapêutico se deu através da escuta dos relatos da paciente, em que se identificou intenso sofrimento emocional. Para tanto, foi necessário resgatar sua condição de sujeito, redescobrindo seus desejos, suas vontades, que durante a relação violenta foram anulados e também resgatar a sua autoestima. Buscou-se por meio da análise do histórico familiar uma melhor compreensão das relações familiares. Este é um Estudo de Caso de uma paciente, em que se relaciona a teoria com a prática. Foram realizadas sessões psicoterápicas (com duração de 50 minutos), as quais foram transcritas e selecionados os relatos mais significativos para o estudo. Observa-se durante as sessões que a paciente assumiu a carga de responsabilidade de tentar manter a família em equilíbrio, exercendo o papel de cuidadora da família, pois o marido na maior parte da convivência conjugal teve um comportamento alcoolista. Criou os filhos e ainda ajudou a criar os netos sem o apoio do marido. Os padrões de relação são de distanciamento e conflitos constantes. O marido alcoólatra afeta todos os membros da família atingindo todos os subsistemas. O subsistema casal está demarcado por uma fronteira rígida, onde não há afeição e ajuda entre eles. No decorrer das sessões, percebeu-se certa dificuldade em obter informações acerca da família de origem da paciente, uma vez que queria falar somente da queixa que a trouxe às sessões. Mencionou que não via sentido em voltar ao passado. Então voltei a conversar sobre a queixa original até conseguir fazer relações e começamos a construir o genograma. Destaca-se a importância do acolhimento, pois se observou um imenso sofrimento psíquico na paciente estudada. Busca-se, assim, resgatar a autoimagem, que durante a relação violenta pode ter se perdido com sentimentos de impotência, incapacidade e insegurança. Um dos recursos utilizados foi uma escuta ativa a fim de facilitar o relato sobre suas experiências vivenciadas na relação com uma dinâmica violenta.

Palavras-chave: genograma; violência doméstica; escuta ativa.

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