PREDIÇÃO DO RISCO CARDIOVASCULAR E DO NÍVEL COGNITIVO ENTRE IDOSOS LONGEVOS ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA DE SAÚDE UNIVERSITÁRIA NA CIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL, RS

Cindi Zago da Silva, Fabiana Assmann Poll, Emmanuely Nunes Vieira, Luana Y Castro, Rodrigo Kerber, Francisca Maria Assmann Wichmann

Resumo


O fenômeno do envelhecimento populacional, vivenciado por países desenvolvidos e em desenvolvimento, tem propiciado números cada vez maiores de indivíduos com idade avançada, portadores de múltiplas doenças crônicas e com declínio cognitivo. O objetivo desse trabalho é avaliar os fatores de riscos cardiovasculares e o nível cognitivo de idosos longevos. O trabalho realizado foi um estudo observacional, retrospectivo composto por 11 idosos com idade > 80 anos atendidos no ambulatório de geriatria do Serviço Integrado de Saúde de Santa Cruz do Sul, RS, no período entre março e agosto de 2016. A coleta foi realizada a partir de dados contidos nos prontuários clínicos dos idosos. Foram consideradas para o estudo as seguintes variáveis: sexo, idade > 80 anos, índice de massa corporal (IMC), morbidades ( hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes mellitus e depressão) e função cognitiva obtida pelo Mini Exame do Estado Mental (MEEM). Os dados foram analisados por meio de estatística exploratória univariada e inferencial bivariada. O projeto de pesquisa teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, sob o protocolo CAAE: 50612615.8.0000.5343. A maioria da população foi composta por 72,7% de mulheres e 27,3% de homens, destes 45,5% são viúvos, 36,4% casados e 18,2% solteiros. A média de idade foi de 83,81 anos (dp ± 3,82), peso de 63,86 kg (dp ± 1829), IMC 25,29 kg/m/²(dp ± 5,04), estatura 1,58 cm (dp ± 0,367) e a média de pontuação no MEEM foi de 23,54 (dp ± 7,26). Em relação às morbidades, a depressão e a hipertensão foram as mais frequentes entre os idosos 36,4% e 27,3% respectivamente. Dentre os idosos avaliados, encontrou-se uma prevalência de declínio cognitivo de 27,3%, 9,1% com suspeita e 63,6% não apresentaram anormalidades. Em relação ao IMC, 54,5 % dos pacientes apresentaram excesso de peso (IMC > 27), 18,2% desnutrição (IMC < 22%) e 27,3% se encontravam eutróficos ( > 22< 27). Ao realizar a associação entre o declínio cognitivo e o arranjo familiar, identificou-se que a maioria dos idosos pesquisados são viúvos e em contrapartida para os que apresentam excesso de peso são casados. Não houve correlação significante entre a estratificação do estado nutricional com os estágios do déficit cognitivo (p= 0, 018). Entretanto houve uma associação significativa (p > 0,00) entre a idade, IMC e a média da pontuação do MEEN, ou seja, quanto maior a idade maior os valores médios do IMC e a pontuação do MENN. A dinâmica das populações idosas masculina e feminina apresenta ritmos diferentes de crescimento, alterados marcadamente por características distintas de mortalidade ligadas ao sexo. Neste estudo evidencia-se um número maior de mulheres, uma lógica que vai de encontro a outros estudos, que vem apontando uma importante feminização da população idosa mais velha. Conclui-se que é alto o número de idosos longevos identificados com declínio cognitivo, bem como o risco cardiovascular. Os fatores associados ao estado nutricional desse grupo populacional atendido no ambulatório de geriatria do Serviço Integrado de Saúde são específicos à condição de vulnerabilidade (baixo peso e excesso de peso). As evidências apresentadas sugerem que devem ser conduzidas estratégias de saúde pública direcionadas a este grupo específico de idosos, referente à prevenção, tratamento do excesso de peso e ações de promoção da saúde.

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