PREDIÇÃO DO RISCO CARDIOVASCULAR E DO NÍVEL COGNITIVO ENTRE IDOSOS LONGEVOS ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA DE SAÚDE UNIVERSITÁRIA NA CIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL, RS
Resumo
O fenômeno do envelhecimento populacional, vivenciado por países desenvolvidos e em desenvolvimento, tem propiciado números cada vez maiores de indivíduos com idade avançada, portadores de múltiplas doenças crônicas e com declínio cognitivo. O objetivo desse trabalho é avaliar os fatores de riscos cardiovasculares e o nível cognitivo de idosos longevos. O trabalho realizado foi um estudo observacional, retrospectivo composto por 11 idosos com idade > 80 anos atendidos no ambulatório de geriatria do Serviço Integrado de Saúde de Santa Cruz do Sul, RS, no período entre março e agosto de 2016. A coleta foi realizada a partir de dados contidos nos prontuários clínicos dos idosos. Foram consideradas para o estudo as seguintes variáveis: sexo, idade > 80 anos, índice de massa corporal (IMC), morbidades ( hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes mellitus e depressão) e função cognitiva obtida pelo Mini Exame do Estado Mental (MEEM). Os dados foram analisados por meio de estatística exploratória univariada e inferencial bivariada. O projeto de pesquisa teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, sob o protocolo CAAE: 50612615.8.0000.5343. A maioria da população foi composta por 72,7% de mulheres e 27,3% de homens, destes 45,5% são viúvos, 36,4% casados e 18,2% solteiros. A média de idade foi de 83,81 anos (dp ± 3,82), peso de 63,86 kg (dp ± 1829), IMC 25,29 kg/m/²(dp ± 5,04), estatura 1,58 cm (dp ± 0,367) e a média de pontuação no MEEM foi de 23,54 (dp ± 7,26). Em relação às morbidades, a depressão e a hipertensão foram as mais frequentes entre os idosos 36,4% e 27,3% respectivamente. Dentre os idosos avaliados, encontrou-se uma prevalência de declínio cognitivo de 27,3%, 9,1% com suspeita e 63,6% não apresentaram anormalidades. Em relação ao IMC, 54,5 % dos pacientes apresentaram excesso de peso (IMC > 27), 18,2% desnutrição (IMC < 22%) e 27,3% se encontravam eutróficos ( > 22< 27). Ao realizar a associação entre o declínio cognitivo e o arranjo familiar, identificou-se que a maioria dos idosos pesquisados são viúvos e em contrapartida para os que apresentam excesso de peso são casados. Não houve correlação significante entre a estratificação do estado nutricional com os estágios do déficit cognitivo (p= 0, 018). Entretanto houve uma associação significativa (p > 0,00) entre a idade, IMC e a média da pontuação do MEEN, ou seja, quanto maior a idade maior os valores médios do IMC e a pontuação do MENN. A dinâmica das populações idosas masculina e feminina apresenta ritmos diferentes de crescimento, alterados marcadamente por características distintas de mortalidade ligadas ao sexo. Neste estudo evidencia-se um número maior de mulheres, uma lógica que vai de encontro a outros estudos, que vem apontando uma importante feminização da população idosa mais velha. Conclui-se que é alto o número de idosos longevos identificados com declínio cognitivo, bem como o risco cardiovascular. Os fatores associados ao estado nutricional desse grupo populacional atendido no ambulatório de geriatria do Serviço Integrado de Saúde são específicos à condição de vulnerabilidade (baixo peso e excesso de peso). As evidências apresentadas sugerem que devem ser conduzidas estratégias de saúde pública direcionadas a este grupo específico de idosos, referente à prevenção, tratamento do excesso de peso e ações de promoção da saúde.
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