VIVER E CONVIVER COM PRÁTICAS COMPARTILHADAS: SABERES CONSTRUÍDOS EM UMA EXPERIÊNCIA DE ECOVILA

Ana Paula Staub, Andreia Lucia Beckenkamp, Luciano Moacir Santos, Mara Regina Vogel, Georgia Betinardi, Moises Romanini

Resumo


Na área da Psicologia Comunitária, partimos do pressuposto de que crescemos e vivemos em comunidade e que nossa experiência nos ensina sobre a vida. A comunidade pode ser concebida, então, como um espaço intermediário que nos oferece os recursos simbólicos e materiais para a vivência da dialética entre o sujeito singular e o mundo social. É justamente porque pertencemos a uma comunidade que sabemos como interpretar e dar sentido ao modo como os outros ao nosso redor se comportam e se relacionam conosco. Dentro da proposta da disciplina de Psicologia Comunitária I, do curso de Psicologia da UNISC, nosso objetivo foi o de compreender uma expressão cultural contemporânea. Assim, nos propomos a experienciar e compreender a vida em uma Ecovila, ou seja, entender o que motivou os integrantes a adotar esse estilo de vida, avaliarmos as diferenças de crenças, culturas, ideias, e compreender aspectos positivos e negativos de viver nessa comunidade. Adotou-se como método a visitação a comunidade e, através de uma observação participante, utilizamos o diálogo aberto questionando as experiências vividas, o funcionamento da Ecovila e as motivações dos integrantes. Participamos também da atividade proposta para o dia em que visitamos o espaço, a colheita na agrofloresta, integrando a prática na pesquisa. Tivemos também o embasamento teórico utilizado em sala de aula no decorrer da disciplina, e os acessos ao site da Ecovila. A Ecovila visitada é um espaço baseado na relação consigo e com o outro, onde o cuidado se manifesta na expressão individual do ser, e do ser acolhido, dentro das possibilidades de acolher cada um, e do grupo numa totalidade. Com todas as consciências, pelo princípio de que estamos todos conectados numa realidade única, presente em tudo o que há. Como principais resultados, apresentamos uma visão de mundo completamente diferente da nossa, a valorização da vida em si, revendo alguns conceitos egocêntricos como propriedade privada, consumismo e integrando a disposição para a vida comunitária, onde cada um compartilha sua abundância com os demais. Os princípios comuns dos moradores da comunidade possibilitam a existência de poucas “regras”, apenas um esquema com a divisão semanal de tarefas a serem realizadas. O trabalho a ser realizado que vai desde o cuidado das casas, roupas, plantas, até trabalhos mais desgastantes na agroflorestal, nas plantações e nas reformas dos ambientes. O estilo de vida adotado visa respeitar os limites de cada um, tanto físicos quanto emocionais, trabalhando sempre com respeito ao outro e à natureza. Na Ecovila há também os espaços terapêuticos, onde são realizadas meditações, abertas ao público inclusive, acupuntura, entre outras técnicas. Concluímos, assim, que existem diversas formas de viver em comunidade. Na Ecovila adotou-se um sistema comunitário compartilhado, em que todos se comprometem com o bem comum, plantando e colhendo para a subsistência, com algumas trocas básicas de mercadorias, mas principalmente troca de afetos e experiências. A maior dificuldade relatada no processo de adaptação à vida comunitária foi a necessidade de desapegar-se do que era seu, e agora é de todos.

Palavras-chave: Ecovila; estilo de vida; desapego.


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