AUTOCRÍTICA JORNALÍSTICA E RELAÇÃO COM O LEITOR: UMA ANÁLISE DA COLUNA DA "OMBUDSMAN" DA FOLHA DE SÃO PAULO

Autores

  • Diana de Azeredo UNISC
  • Demétrio de Azeredo Soster UNISC

Resumo

Parte integrante de um trabalho de investigação mais amplo, que observa os últimos seis meses de coluna da ex-"ombudsman" Vera Guimarães Martins a partir da narratologia, este resumo apresenta uma revisão de conceitos sobre ética jornalística na sua relação com a crítica mediática. O objetivo é focar a análise no papel desempenhado pelo "ombudsman" na imprensa brasileira, tendo como recorte a coluna “Os erros nossos de cada dia”, assinada pela jornalista e publicada no jornal Folha de São Paulo, em 16 de novembro de 2015. A partir de uma pesquisa qualitativa, que abrange a revisão bibliográfica e o estudo do texto já mencionado, pretende-se atualizar o debate acerca desse movimento crítico autorreferente. É possível adiantar, de forma preliminar, que receber as manifestações da audiência, discuti-las e respondê-las publicamente, é algo que os veículos de comunicação fazem e/ou se propõem a fazer desde a década de 1960. É a imprensa fazendo a crítica da própria imprensa, refletindo acerca de si mesma, em um movimento não apenas autorreferente, mas de circulação mediática e tensionado por interesses múltiplos. Trata-se de uma atitude que, visando à transparência, preocupa-se em revelar bastidores quase sempre disfarçados. É um ato igualmente interessado em transmitir credibilidade e agregar valor para si, bem como ensinar e preservar valores maiores (profissionais e humanos). Há significados éticos nesse exercício de recepção e autocrítica que remetem a noções de transparência, contrapoder e compromisso social. Afinal, se a imprensa se dedica a questionar e a informar acerca de outros setores, desempenhando uma função quase nunca cômoda e amistosa, que esteja igualmente disposta a responder e a prestar contas sobre si mesma. Porém, ainda que os teóricos defendam essa postura de autoanálise, admissão dos próprios erros e explicação a respeito dos bastidores de tomadas de decisão e produção de conteúdo, são raras as empresas jornalísticas interessadas em aderir à proposta (no Brasil, apenas os jornais Folha de São Paulo e O Povo possuem "ombudsman"). Por que essa resistência? O que é possível auferir a partir da reflexão da, na época, ouvidora de um dos maiores veículos brasileiros (e que mantém o cargo de ouvidor há 26 anos)? Essas são perguntas que direcionam o estudo aqui empreendido e, brevemente, apresentado. O objetivo maior, ao provocar esses questionamentos, é instigar os consumidores de produtos mediáticos a refletirem sobre sua participação nesse processo, considerando que toda a sociedade é influenciada pelas emissões jornalísticas. Se a crítica à mídia ainda é pouco desenvolvida, isso não diz respeito apenas aos donos de veículos e profissionais da imprensa. Envolve, sim, um contexto mais amplo de cidadania e participação social. Dessa forma, entende-se que é relevante a discussão proposta neste resumo.

Biografia do Autor

  • Diana de Azeredo, UNISC
    UNISC
  • Demétrio de Azeredo Soster, UNISC
    UNISC

Publicado

2016-10-25

Edição

Seção

Ciências Socias Aplicadas