TERCEIRO ANO DE ATIVIDADE FÍSICA ADAPTADA PARA AUTISTAS: RESULTADOS QUE AFETAM POSITIVAMENTE TODO O NUCLEO FAMILIAR

João Eduardo de Magalhães Salvador, Elenice Berger, Sâmara B. B.

Resumo


Introdução: O projeto Atividade Física Adaptada para Autistas, do departamento de Educação Física da UNISC, começou sobre a tutela do NAC da UNISC e, atualmente, está em seu terceiro ano de atuação com parceria da LuzAzuL, utilizando os espaços da sala de ginástica, do ginásio e da piscina da UNISC. Objetivo: Oportunizar aos participantes um ambiente seguro e estimulante para desenvolverem suas habilidades psicomotoras e socioafetivas sendo na piscina o trabalho voltado para a exploração do meio líquido e suas características físicas. Metodologia: Se utiliza da premissa da psicomotricidade relacional de que a relação criada (com as atividades desenvolvidas e através dos objetos utilizados) com as pessoas é tão importante quanto a atividade em si, o que, sendo a socialização e interação dificultosas umas das características mais marcantes do autismo, torna essa abordagem relacional claramente mais efetiva para o objetivo de desenvolver tanto as capacidades psicomotoras quanto socioafetivas. Foram divididos os participantes em dois grupos: um com os menores e outro com os mais velhos, sendo para o primeiro grupo propostas atividades mais simples focadas no estimulo sensoriomotor, enquanto para o segundo grupo as atividades são mais estruturadas e focadas na interação entre os participantes. No ginásio são criados circuitos não lineares se utilizando dos materiais do laboratório lúdico e da ginástica (carrinhos, trave de equilíbrio, cama elástica, tecidos e etc.), após a montagem os participantes fazem as atividades cada um em seu tempo e na ordem que lhes convêm. Outro ponto importante é o fato de que o percurso, mesmo quando montado com os mesmos materiais, é sempre diferente, criando assim uma quebra de rotina controlada, o que auxilia na diminuição de outra característica comum aos autistas que é a dificuldade de lidar com o inesperado e mudanças súbitas na sua rotina diária. Na piscina nos utilizamos do meio, através da pressão e empuxo da água, importante ressaltar que na água os participantes tendem a se sentir confortáveis, mesmo nos casos de maior comprometimento. São duas seções por semana, para cada grupo, de uma hora de duração, e a presença de algum parente/responsável é obrigatória, o que além de dar mais segurança ao participante, também fortalece o vínculo afetivo para os dois lados: o acompanhante confia mais nas capacidades do autista (diminuindo a superproteção e a depressão, que é comum em pais de autistas) e o participante consegue se conhecer melhor, explorando os limites de suas capacidades sensoriomotoras, demonstrando no núcleo familiar e escolar uma maior afetividade e concentração. Conclusão: Algumas respostas são claras: os que começam nos primeiros anos têm um resultado maior e mais rápido, o meio líquido é mais aceito por todos e os resultados são mais acelerados quando os pais tentam fazer em casa atividades que imitem as desenvolvidas no projeto. Ainda há dificuldades com aqueles que têm maior comprometimento e com o atual número de participantes (são 28 no total), no que se refere a tempo e espaço. Os objetivos principais estão tendo bons resultados e, fora alguns poucos casos, tem-se uma resposta positiva visível do trabalho realizado, melhorando tanto a qualidade de vida do participante e do núcleo familiar como um todo, que aprende que o autista, apesar de ter mais dificuldade, ainda pode ser uma pessoa capaz e atuante se tiver o estímulo e o apoio necessário.

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