A CALCULADORA COMO FERRAMENTA NA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA ESCOLAR

Leticia Caroline Rutsatz, Elisandra Rosimeri Mueller, Cláudio José de Oliveira

Resumo


Este resumo apresenta e discute os resultados parciais do estudo monográfico, que está sendo realizado pela primeira autora, no curso de Pedagogia – Licenciatura, da Universidade de Santa cruz do Sul (UNISC). O trabalho tem por objetivo problematizar as narrativas de um grupo de professoras e de alunos em relação ao uso da calculadora como ferramenta na aprendizagem da matemática escolar. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, conforme Ludke (1986) e Flick (2009). A produção de dados está sendo realizada a partir de registros de oficinas com estudantes do 3° ano do ensino fundamental. Nos exercícios, são propostas questões que envolvem cálculo mental e estimativa. Em diferentes momentos, durante atividades, a utilização deste artefato cultural tem sido problematizado: “Eu posso usar a calculadora?”; “É óbvio que a calculadora vai deixar o aluno preguiçoso”; “Não vai precisar usar o raciocínio, porque apenas vai apertar nos botões e o resultado vai sair”. No entanto, em alguns trabalhos investigativos, encontramos que não se trata de repetir os mesmos algoritmos escolares quando trabalhamos com a calculadora. Nos estudos de Borba e Selva (2010), são discutidos contrapontos em relação a esse tema: para alguns, trata-se de uma ferramenta de ampla utilização nas atividades cotidianas, que, portanto, deve ser incorporada às atividades escolares - por exemplo, na compreensão do sistema de numeração decimal, na operação com números racionais, naturais e nos cálculos envolvendo estimativas. Outra discussão apresentada nos estudos é que a calculadora também pode ‘errar’. Dependendo do modelo, ao realizarmos a operação 2+5x3=, o resultado que vai aparecer no visor será vinte e um, quando o resultado correto, seguindo os algoritmos da Matemática escolar, deve ser dezessete. Nesta situação, é possível problematizar se o aluno, ao ‘apertar’ o botão da calculadora, está apenas repetindo o algoritmo usualmente praticado na sala de aula. Se ele não compreender o cálculo que está sendo proposto, poderá acatar o resultado sem acusar o erro, o que evidencia que é recomendável contextualizar a operação que está sendo proposta. Os números digitados na calculadora devem fazer sentido para o aluno. Ampliando esta compreensão, a calculadora pode ser entendida como mais um recurso no estudo de situações envolvendo questões de cunho quantitativo e qualitativo da sociedade; ela, em si, não é determinante na compreensão da matemática escolar. Em outro sentido, os estudos de Knijnik (2013); Knijnik, Wanderer e Oliveira (2010); Pozzobon, Oliveira, Nehring (2016) problematizam a existência de outras matemáticas que não a matemática acadêmica e escolar. Talvez, na continuidade do estudo, possamos acrescentar nas nossas problematizações, de que não se trata de indagar “o que é mesmo” que a calculadora auxilia na aprendizagem da matemática escolar, mas perguntar: quais as condições de possibilidades para fazermos outras matemáticas com este artefato cultural?

Palavras-chave: Calculadora; Anos iniciais do ensino fundamental; Aprendizagem; Matemática escolar.


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