PROFISSIONAIS DO SEXO: PERSPECTIVAS E HISTÓRIAS DE VIDA

Iva Selmira Viebrantz, Juliana Rohde, Cristiane Davina Redin Freitas

Resumo


Ao longo da história, as prostitutas têm sido alvo de discriminação e exclusão (AFONSO; ESCOPINHO, 2014). Ainda que hoje já sejam discutidas maneiras de atender e incluir esse grupo, ele ainda se encontra em situação de vulnerabilidade social. Tendo em vista tais aspectos, esta pesquisa, intitulada “Profissionais do sexo: perspectivas e histórias de vida”, propõe-se a descobrir, através de relatos das histórias de vida de cinco profissionais do sexo, suas percepções acerca de si mesmos(as) e suas perspectivas para o futuro, bem como verificar quais foram os motivos que fizeram com que essas pessoas passassem a se prostituir. Também objetiva descobrir se há sofrimento psíquico relacionado à profissão e entender se essas pessoas sentem-se estigmatizadas e discriminadas em função do seu trabalho. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), tendo obtido aprovação (número CAAE 52097515.9.0000.5343); além disso, todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A metodologia escolhida foi a qualitativa com corte transversal, cujos dados foram coletados mediante realização de entrevistas narrativas. Foram entrevistadas cinco mulheres, com idades entre 26 e 44 anos, que trabalhavam entre dois e vinte e um anos como profissionais do sexo. Para análise dos dados, foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin. Quanto aos resultados, as categorias que mais se destacaram e que foram abordadas neste trabalho são as que seguem: “entrada e permanência na ‘noite’”, em que o fator “dinheiro” foi apontado pelas entrevistadas como um dos principais motivos da sua entrada e continuidade no mundo da prostituição; “dificuldades e sofrimento”, categoria em que as profissionais relatam um pouco das dificuldades que encontram no dia a dia do seu trabalho, bem como os principais pontos tensores relacionados à relação sexual em si; “Uso de álcool e outras drogas”, que trata do envolvimento das profissionais do sexo com drogas e bebida, recurso utilizado para encarar o trabalho, para “amenizar” o sofrimento, para “se soltar”, ou mesmo como uma forma de aumentar sua lucratividade através das comissões; e, por fim, a categoria “Perspectivas para o futuro”, na qual foi perceptível o desejo unânime entre as entrevistadas de seguirem por outros rumos na sua vida que não o da prostituição, sendo que quatro das cinco entrevistadas já estão com algum projeto em andamento. Ao narrarem suas histórias de vida, suas experiências na prostituição e tudo aquilo que permeia esse contexto, essas mulheres tiveram de sair de uma posição de comodidade e aparente indiferença a respeito daquilo que vivenciam, passando a pensar sobre o que as faz sofrer no momento em que precisam organizar suas narrativas. As falas vieram, muitas vezes, acompanhadas de risos, piadas e trocadilhos, numa possível tentativa de tornar o assunto mais leve e a narrativa menos dolorida, pois estavam trazendo à tona o seu sofrimento e, com ele, sentimentos como raiva, nojo e desprezo. Esta pesquisa deu indicativos de que, apesar dos dissabores da profissão, essas mulheres têm sonhos e vivem a expectativa de dias melhores em que seus corpos sejam mais, muito mais do que apenas um corpo a serviço da satisfação de outro.

Palavras-chave: Prostituição; Histórias de vida; Sexualidade; Profissão.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.