O DESAFIO DA DOCÊNCIA: ENSINANDO O PORTUGUÊS PARA SURDOS

Isadora Cunha Cardoso, Angela Cogo Fronckowiak

Resumo



O Programa Institucional de Iniciação à Docência PIBID/UNISC aproxima os acadêmicos da realidade escolar, oferecendo-lhes possibilidade de atuação em oficinas, intervenções e monitorias, com turmas de ensino fundamental e médio. O presente trabalho tem como público-alvo discentes surdos do sexto ano da Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora do Rosário. As atividades foram pensadas tendo em vista as necessidades dos estudantes e a forma como veem e se relacionam com o mundo que os cerca, o que me fez repensar as aulas de Língua Portuguesa para sanar algumas dúvidas dos alunos. O foco principal dos planejamentos foi elaborar atividades que abordassem o uso dos substantivos, pois acredito que esse tema constitua um importante diferencial na escrita. Para um aluno que tem a Libras como sua língua materna, o desenvolvimento da escrita não se limita somente a aprender um novo código, mas a assimilar as diferenças, e, para isso, é preciso compreender a língua portuguesa. Alguns discentes apresentam resquícios de audição e, por esse motivo, demonstram mais facilidade na leitura. Como têm contato com as duas modalidades da língua, oral e escrita, em alguns momentos, auxiliam os outros estudantes. Muitos surdos tinham dificuldades na produção de frases e, por isso, resolvi utilizar imagens e atividades que influenciassem a sua imaginação, assim motivando-os à produção. Em minha atuação na monitoria da escola, busquei, juntamente com a professora Isabel, docente responsável pela turma, enfatizar a integração entre a Libras e a Língua portuguesa, para que elas pudessem coexistir dentro da sala de aula, sendo igualmente importantes para que os surdos se compreendam e para haja a integração desse público com seu meio social. Ao longo das aulas, construí atividades para que os alunos pudessem enriquecer o vocabulário e criar conhecimento sobre o português enquanto segunda língua. Percebi que os discentes, na primeira explicação sobre os tipos de substantivos - comuns e próprios -, tiveram facilidade, porém apresentaram dificuldades com os demais. Pensando no que pudesse despertar o interesse dos estudantes sobre esse assunto, desenvolvi e apliquei jogos diversificados: dominó, memória e um bingo. Os alunos mostraram muita facilidade ao manusearem essas atividades, apresentando, assim, melhora na compreensão do conteúdo, Para retomar o assunto abordado, os substantivos, utilizei diferentes textos curtos, com o objetivo de facilitar o entendimento tanto dos próprios textos quanto do conteúdo. Durante a proposta de ensinar essa matéria para os discentes, deparei-me com um impasse: como ensinar substantivos para os surdos? Como integrar-me ao tipo de linguagem deles, sendo que não havia tido nenhum contato com a língua brasileira de sinais? Ao longo das aulas, percebi que os alunos são dedicados e que querem nos ensinar sua linguagem, da mesma forma que tentamos passar a nossa para eles. O ensino da língua portuguesa como segunda língua para surdos é muito desafiador, já que libras e português apresentam sistemas distintos, o que nos leva a compreender a necessidade de um trabalho mais paciente, que conceda tempo ao aluno, para que este possa memorizar as palavras e contextualizá-las em seus diversos usos.


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