MATRICIAMENTO NO ÂMBITO ESCOLAR: O TRABALHO REALIZADO PELA EQUIPE DE APOIO DO CENTRO DE ATENDIMENTO MUNICIPAL ESPECIALIZADO (C-AME)

Edineia Antonia Zachi, Rosangela Fontoura da Cruz

Resumo


No Brasil, durante a década de 70, através da Reforma Psiquiátrica, um novo modelo de atenção psicossocial passa a vigorar, com o objetivo de promover a produção da saúde e não mais da doença mental. Do mesmo modo, nos anos 80, o movimento de Reforma Sanitária conquista a aprovação da Constituição de 88, na qual se afirma a saúde como direito de todos e dever do Estado, culminando na criação do SUS, que garante a universalidade, a equidade e a descentralização dos serviços prestados (SOARES, 2009, [n.p.]). Desde então, vários serviços vêm sendo ofertados na rede pública de saúde, como, por exemplo, o matriciamento, que consiste em uma nova possibilidade de intervenção sobre casos que demandem atenção e que tem o objetivo de elaborar projetos terapêuticos e intervenções que busquem transformar a lógica tradicional dos sistemas de saúde hierarquizados, sendo eles os encaminhamentos, as referências e as contrarreferências, os protocolos e os centros de regulação (Chiaverini (org), 2011, p. 13), evitando, assim, o enfoque medicalizante. Trata-se de uma clínica ampliada, que possibilita a integração dialógica entre distintas especialidades e profissões (Campos; Domitti, 2007), proporcionando a troca de saberes, visando a uma abordagem integral em saúde. O presente trabalho é a apresentação de uma experiência em matriciamento no município de Vera Cruz - RS, onde o serviço vem ocorrendo em escolas, através do Centro de Atendimento Municipal Especializado (C-AME), e tem a participação de professores, psicólogos, diretores, coordenadores, entre outros. Dessa forma, o presente trabalho objetiva fazer um esboço sobre tal prática. Sendo um trabalho e uma prática dentro do estágio, a metodologia utilizada consiste em uma pesquisa, ainda em andamento, que visa à produção de dados a partir da pesquisa bibliográfica e da participação do matriciamento junto à equipe do C-AME, assim como a escuta dos profissionais envolvidos. Como se trata de uma pesquisa ainda não finalizada, os resultados são parciais, mas, até o presente momento, o trabalho buscou discutir como o matriciamento no âmbito escolar surgiu, quais são os seus objetivos e os obstáculos a serem enfrentados. Entretanto, percebe-se que, através do trabalho realizado por meio da equipe de apoio do C-AME, vem-se buscando evitar encaminhamentos desnecessários, ou, quando indispensável, orienta-se qual a melhor condução possível para o caso e qual o encaminhamento a ser realizado à rede de atenção. Sendo o matriciamento no âmbito escolar um campo novo, requer-se a realização de pesquisas, quantitativas e qualitativas, sobre a efetividade desse modo de trabalhar com a clínica ampliada junto às escolas, para, dessa forma, adquirir modos possíveis de colaborar com o trabalho efetivo da referida prática .


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