SEPARAÇÃO: OS IMPACTOS OCASIONADOS AOS FILHOS SOB A PERCEPÇÃO DOS PAIS
Resumo
O presente trabalho se propôs a investigar qual a percepção que pais separados ou divorciados têm perante o comportamento de seus filhos. Podemos perceber que o número de divórcios vem aumentando a cada ano. Dizem Peck e Manocherian (1995), que atualmente, a maioria dos casais pede o divórcio como uma solução para sua insatisfação conjugal, porém, poucos estão preparados com os impactos emocionais e físicos do divórcio. A dissolução conjugal afeta toda a família em todos os níveis geracionais, provocando uma crise em todo o sistema familiar, bem como em cada individuo dentro da família. Como consequência disso, crianças são criadas longe de seus vínculos parentais. Entende-se que o comportamento das crianças neste momento crítico de suas vidas pode ser variado. Muitos podem ser os impactos negativos causados nos filhos, porém, o divórcio também pode ter aspectos positivos para a criança que convive em constante conflito. Este estudo teve como objetivo verificar a percepção que pais separados têm de seus filhos, possibilitando a compreensão dos aspectos positivos e negativos na percepção dos pais sobre a vida cotidiana dos menores. Procura compreender quais foram as dificuldades enfrentadas pelas crianças na época da separação de suas figuras de apego, segundo a ótica dos pais, bem como, analisar se a separação trouxe impactos para a vida cotidiana dos filhos. Para a realização desta pesquisa foi utilizada a abordagem qualitativa, com entrevistas semiestruturadas que combina com perguntas abertas e fechadas, nas quais o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. Aplicou-se também o CBCL (Child Behavior Check List), que é uma Escala de Verificação do Comportamento Infantil respondida pelos pais, com o propósito de verificar a forma como percebem seu filho. As entrevistas foram realizadas com seis mães que convivem com seus filhos. Os critérios para escolha da amostra se deu em função do tempo de separação, sendo necessário que os pais e/ou mães tivessem se separado nos últimos 5 anos e que possuíssem filhos com idade entre 6 e 12 anos, distribuídos entre ambos os sexos. Dos principais resultados encontrados, pode-se evidenciar com maior predominância à constatação que os pais perceberam seus filhos mais agressivos após a separação. Esta agressividade foi percebida, na sua grande maioria, dentro do lar, porém, também se apresenta em menor evidência no contexto escolar. Foi observada também a agressividade como raiva e revolta contra as mães, como uma forma de culpabilizá-las pela separação. Além da agressividade, outro sintoma observado pelos pais, em seus filhos, foi a ansiedade. Este sintoma apresentou-se através do ato de roer as unhas, podendo nos levar a pensar que pode ser um sintoma psicossomático em decorrência do estresse causado com a separação de suas figuras de apego. A insegurança também é uma dificuldade que as entrevistadas observaram em seus filhos, podemos pensar assim que o medo que as crianças sentem, pode surgir da falta de segurança que os pais passam para os filhos, ainda mais se suas figuras de apego convivem em constante conflito, mesmo após a separação. Conclui-se que a agressividade, ansiedade e insegurança são comportamentos relevantes percebidos pelos pais, bem como, a falta de diálogo entre os mesmos sobre questões referentes aos filhos.
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