A SUBMISSÃO FEMININA E O CONCEITO DE "MULHER IDEAL" NA REVISTA 'O CRUZEIRO' (1951-1958)

Angélica Amanda Andrade Nascimento, Carlos Gilberto Pereira Dias

Resumo


Percebemos, atualmente, diversas mulheres sofrendo agressões físicas e emocionais e, normalmente, a culpa recai sobre elas e não sobre o agressor. Partindo dessa premissa, o presente trabalho desenvolvido para a disciplina de Seminário de Pesquisa em História do curso de História - Licenciatura Plena da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, pretende, a partir de referências bibliográficas e fontes historiográficas, analisar o fortalecimento da cultura machista no Brasil. Para tal, haverá enfoque na cultura da década de 1950, na qual a classe média alta brasileira, principalmente as mulheres, sofriam grande influência de ideias e regras comportamentais vindas do modelo norte-americano, além de serem alvo de anúncios dos mais variados tipos de produtos para o lar. Desta forma, analisando essa influência, a presente pesquisa procura respostas para a seguinte questão: de que maneira o projeto norte-americano de mulher ideal influenciou a consolidação de uma cultura machista no Brasil? Em busca dessa resposta, serão verificadas as ideias de submissão feminina presentes nas publicações da revista O Cruzeiro, entre os anos de 1951 à 1958, e que encontram-se disponíveis para consulta no Centro de Documentação da Universidade de Santa Cruz do Sul (CEDOC-UNISC). A referida revista foi lançada no ano de 1928, pelo jornalista Assis Chateaubriand, com destaque especial ao fotojornalismo, alcançando um grande sucesso, chegando a marca de 700 mil exemplares por semana na década de 1950. Durante a metodologia, serão analisadas sessenta e três revistas do período. As principais fontes de análise, serão a sessão titulada “Para a Mulher” e a coluna "De Mulher para Mulher" escrita por Maria Teresa. Ambas foram direcionadas especificamente para o público feminino e recebiam grande aceitação entre as mulheres, que costumavam enviar perguntas a essas sessões da revista O Cruzeiro. A coluna de Maria Tereza, mais precisamente, destinava espaço para tratar de temas referentes a sexualidade, aparência, postura e comportamento, dando “conselhos” de como as mulheres deveriam tratar seus maridos. Portanto, pode-se considerar que a referida publicação sugeria para mulheres um papel de submissão, afirmando que o lugar delas na sociedade seria dentro de casa, desempenhando as tarefas domésticas. Neste caso, é possível ver nas entrelinhas da revista, uma espécie de “idealização” do modelo feminino, que seguia um padrão exportado dos Estados Unidos, no qual as mulheres deveriam servir a seus maridos em todas as ocasiões.


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