VICOM: INTERVENÇÃO PELA CONVIVÊNCIA
Resumo
O Projeto Vivências de Imersão Comunitária (VICOM) surge da iniciativa de estudantes da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) com a intenção de aproximar a vida acadêmica das comunidades de abrangência dos Campi da universidade. Como projeto de Extensão Universitária, a primeira edição do Vicom ocorreu na cidade de Itati/RS, entre 2014 e 2015. Em abril de 2016, desencadeia-se a construção da segunda edição, por meio do Edital PROEXT nº02/2016. Forma-se uma coordenação compartilhada e mantém-se a proposta de desenvolver o projeto junto a um dos Campi da UNISC. Assim, Montenegro foi o município escolhido para receber o projeto nesta edição, cuja imersão ocorrerá entre os dias 12 e 21 de dezembro de 2016. Além disso, já foram desenvolvidas ações para composição do grupo que participará da vivência de imersão, com a seleção de duas acadêmicas como bolsistas e nove acadêmicos como participantes, sendo eles dos cursos de psicologia, fisioterapia, comunicação social e odontologia. À diversidade do grupo, alia-se o ingresso de uma intercambista mexicana e o fortalecimento da parceria com a Escola da Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFA), que contará novamente com dois participantes no VICOM. A esses movimentos, somam-se as visitas precursoras a Montenegro para estabelecer parcerias e definir a comunidade que acolherá, neste ano, o VICOM, desse modo, tem-se realizado discussões com a coordenação do campus da UNISC de Montenegro, representantes do poder público, trabalhadores da saúde, educação, desenvolvimento social, técnicos da Emater/RS-Ascar, agricultores, pesquisadores e membros da sociedade civil. Salienta-se a importância de um conhecimento prévio da realidade do local, o que inclui demandas, histórias e potencialidades existentes. Todo o processo é rico em aprendizado e em experiências compartilhadas. Todavia, o ápice do projeto é a imersão comunitária, na qual o grupo integra-se à comunidade, afim de aproximar realidades, construir novos significados para si e para a população do local, buscando despertar potencialidades e aprendendo com a vivência cotidiana entre a equipe do projeto, apoiadores e a comunidade montenegrina. Uma das dificuldades para a exposição do projeto encontra-se em sua posição de deslocar-se de ações assistenciais, cujos objetivos são definidos a priori e à revelia da comunidade envolvida. Além disso, o projeto não tem o objetivo de substituir órgãos públicos, os quais são responsáveis por prestar serviços e garantir os direitos básicos da população. Dessa forma, o VICOM não tem o intuito de apontar o que uma comunidade precisa, ou mesmo realizar ações e ausentar-se sem criar vínculos e histórias em comum. Ao contrário, o projeto vem com a ideia de que cada estudante possa experimentar-se além do seu curso, que a equipe compartilhe conhecimentos com a comunidade, fazendo com que cada pessoa faça parte de uma história construída em conjunto e se enxergue com autonomia e capacidade de desejar, pensar e construir. Frente às expectativas da comunidade, muitas das quais apontam para a ideia de que prestaremos serviços especializados temporários, busca-se demarcar que o VICOM aproxima-se de experiências que se diferem de ações marcadas pelo assistencialismo, o qual dificulta o desenvolvimento da autonomia na busca do que convém a cada um e à comunidade, gerando dependência e alienação. Em lugar disso, nosso convite é à vivência comum, no sentido da comunhão de ideias, ideais, experiências e vidas.
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