O DÉBIL E A ABUNDANTE IMPRENSA DURANTE A CAMPANHA DA LEGALIDADE DE 1961

Mariele Henn Heck, Diego Orgel Dal Bosco Almeida

Resumo


A história Brasileira está marcada por um golpe civil-militar que deu origem a uma ditadura militar que durou 21 anos. Sangrenta, a ditadura é lembrada, regurgitada e pesquisada por pesquisadores, porém, o golpe-civil militar de 1964 não foi à primeira tentativa da aplicação de um golpe para se chegar ao maior posto político. Em 1954, 1955 e 1961 podemos perceber tentativas de golpe que não se concretizaram. A crise política que se deu com a renúncia do presidente Jânio Quadros e o veto dos Ministros Militares à posse de João Goulart, vice-presidente e quem, segundo a constituição, deveria assumir a presidência, gerou um movimento sociopolítico liderado por Leonel Brizola, então governador do Estado do Rio Grande do Sul, na qual se denominou como Campanha da Legalidade (1961). Foram quatorze dias em que o país e principalmente o Rio Grande do Sul se movimentou em prol da Legalidade. Leonel Brizola movimentou o Rio Grande do Sul inteiro em prol da Legalidade, porém, não foram intenções meramente constitucionais que moveram o governador. João Goulart era cunhado, amigo e companheiro de partido de Brizola e o mesmo via na sua posse a possibilidade da inserção das questões das Reformas de Base. A importância histórica da campanha liderada por Leonel Brizola é indiscutível visto que o “povo gaúcho” se viu como libertador do Rio Grande do Sul e do Brasil e não mais como mero coadjuvante da história, contudo, poucos foram os trabalhos que se detiveram a analisar a imprensa do período, as notícias e editorais publicados e é por este motivo, que este trabalho tem por objetivo analisar os jornais A Folha do Rio Pardo e a Gazeta do Sul como importantes atores políticos do período. Quais seriam os posicionamentos dos jornais? O que ele quer mostrar para o leitor com aquela publicação? Qual a intenção do jornal? Como, afinal, o conteúdo das notícias articulava as questões nacionais, estaduais e locais? A imprensa - A Folha do Rio Pardo e a Gazeta do Sul, foram pesquisados no CEDOC Centro de Documentação da UNISC, que é ligado Departamento de História e Geografia da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC - levando em consideração que naquele momento, o jornal seria entendido como verdade sobre o fato e privilegiava a informação objetiva e imparcial. Apesar da diferença entre os jornais, uma debilitada em suas publicações e a outra abundante, ambas irão se posicionar a favor do respeito à Constituição, ou seja, a favor da Legalidade em diversos momentos de suas publicações entre 25 de agosto e 07 de setembro de 1961. Para o “povo gaúcho” poder reviver a revolução farroupilha, não voltando no tempo como nos filmes de ficção científica, mas na sua realidade, seria poder lutar por um ideário adormecido em cada cidadão rio-grandense. Foi isso que aconteceu em 1961, quando foram dadas as condições para que o “povo gaúcho” se visse como libertador do Rio Grande do Sul e do Brasil não mais como mero coadjuvante. Seria reviver a revolução farroupilha em um "ideário farrapo." Neste momento de crise, um número significativo da população de Porto Alegre se mobilizou de forma que até mesmo a criminalidade diminuiu, bancos de sangue dos hospitais lotaram e os auxiliares de enfermagem estavam dispostos a cuidar dos feridos caso houvesse um confronto entre as partes sem alguma remuneração. Vamos salientar aqui: o que poderia vir a contribuir para essa solidariedade toda do “povo gaúcho” se não o “ideário farrapo”?


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