CONFLITOS ENTRE A EQUIPE DE ENFERMAGEM E FAMILIARES ACOMPANHANTES: O PAPEL DO ENFERMEIRO

Jéssica Camargo Rangel, Sabrina Toillier, Aline Fernanda Fischborn

Resumo


Para Marquis e Huston (2015), conflito é definido como uma discordância interna ou externa que resulta de diferentes ideias, valores ou sentimentos entre várias pessoas. Cria-se um conflito quando há diferença em valores econômicos e competição entre os profissionais. A Portaria n° 1.820 de agosto de 2009 no artigo 4, cita que “toda pessoa tem direito ao atendimento humanizado e acolhedor, realizado por profissionais qualificados, em ambiente limpo, confortável e acessível a todos” (BRASIL, 2011, p.12). E no inciso VI desta lei fala que o usuário tem “o direito a acompanhante, nos casos de internação previstos em lei, assim como naqueles em que a autonomia da pessoa estiver comprometida” (BRASIL,2011, p.13). Este estudo trata de um relato de experiência, vivenciada por acadêmicas do Curso de Enfermagem da Universidade de Santa Cruz do Sul. Os dados foram coletados através de observação e conversa com a equipe da unidade de um hospital no interior do Rio Grande do Sul em uma unidade de internação clínica, na qual a paciente e os seus familiares foram acompanhados por 4 meses e 17 dias. Paciente do sexo feminino de 91 anos encontrou-se internada em um Hospital no interior do Rio Grande do Sul, a paciente que internou no dia 14 de julho de 2016 possuía histórico com várias patologias. Um dos principais motivos que desencadeava o conflito era o banho de leito, pois os familiares da paciente achavam que os técnicos de enfermagem estavam realizando o banho de forma bruta, tornando assim a divisão dos profissionais para a realização do banho de leito conflituosa. A equipe de enfermagem sempre ofereceu um bom atendimento à paciente, na tentativa de amenizar o conflito a enfermeira implantou um rodízio, para evitar que algum técnico ficasse com a paciente vários dias consecutivos. Após 3 meses e 28 dias de internação, a paciente recebeu alta hospitalar no dia 9 de novembro de 2016 e seus familiares a levaram para uma Instituição de Longa Permanência localizada na cidade. No dia 08 de dezembro, a paciente teve uma parada cardiorrespiratória, foi entubada e reanimada, não resistiu e foi a óbito. Frente à notícia os familiares encontraram-se resistentes, pois questionavam o diagnóstico médico. Segundo Lelli et al. (2012), os conflitos na maioria das vezes fazem partem da organização hospitalar, pois os hospitais são espaços conflituosos em função da grande quantidade de profissionais e muitos familiares. Os conflitos requerem do enfermeiro habilidades para identificar a causa destes comportamentos, e traçar estratégias para solucionar os problemas encontrados. (FERREIRA e NETO, 2015).  A origem da maioria dos conflitos é a divergência de ideias, desavenças, discórdias entre algumas pessoas, visões diferentes, opiniões, entre outros. Sempre considerados negativos, muitas vezes traz prejuízos aos integrantes da equipe de enfermagem, ao paciente, aos familiares de pacientes e para a instituição e a qualidade da assistência diminui (SPAGNOL et al., 2009). Atualmente, percebemos que há lacunas na formação dos profissionais de enfermagem em lidar com as situações de conflitos que podem ocorrer no seu cotidiano, com isso estes profissionais recém-formados não possuem bases para lidar com estas situações, necessitando elaborar formas de mediar os conflitos que surgem ao longo da sua vida profissional, nunca deixando de atender às demandas dos pacientes e sempre oferecendo apoio a sua equipe de enfermagem. 


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