FISIOTERAPIA AQUÁTICA EM PACIENTE COM PARALISIA CEREBRAL: PRÁTICAS NA GRADUAÇÃO

Márcia Aline Schwantes, Jessica Oliveira Lau, Patricia Oliveira Roveda

Resumo


A Paralisia Cerebral (PC) é um transtorno do sistema nervoso que afeta os movimentos e a postura e é causada por uma lesão cerebral fixa, não progressiva, que ocorre antes, durante, ou depois do nascimento. Podem estar presentes distúrbios associados como cognitivos, sensoriais e de comunicação. A PC Espástica é a mais comum, ocorrendo em 75% dos casos, sendo é caracterizada pela ocorrência de hipertonicidade, hiperreflexia e persistência anormal dos reflexos neonatais, membros inferiores (MMII) em tesoura, posturas anormais dos membros e contraturas, dificuldade de deglutição e salivação excessiva. A utilização da fisioterapia aquática (FA) está indicada para vários aspectos estruturais, funcionais e sociais no processo de reabilitação. A piscina aquecida, através dos princípios físicos e fisiológicos da água auxilia no processo de tratamento, tornando-se muito eficaz para a modulação do tônus espástico, relaxamento e redução de espasmos musculares, melhora da musculatura respiratória, do equilíbrio e da amplitude de movimento (ADM) articular. Apresentou-se um estudo de caso de uma paciente com PC atendida em piscina aquecida na disciplina de fisioterapia aquática. Trata-se de um estudo de caso, realizado no setor de Hidroterapia da Clínica FisioUnisc da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. No dia 21 de julho de 2017, através da prática da disciplina de férias de FA, houve o atendimento da paciente do sexo feminino, 7 anos, com diagnóstico de PC espástica, cuja queixa principal foi “não conseguir caminhar”. Os principais objetivos para essa paciente foram: melhorar o controle e força de tronco, modular o tônus muscular, aprimorar o equilíbrio estático e dinâmico, melhorar a ADM principalmente de MMII, estimular a ortostase e a marcha. A paciente chegou à sessão no colo do familiar, um pouco tensa. Foram aferidos os sinais vitais (SV) e entrado na piscina para dar início a uma rápida adaptação da paciente na água. Após, realizou-se alongamento passivo de cadeia posterior de MMII na escada, treino de equilíbrio e marcha na cama elástica e nas barras paralelas na parte rasa da piscina, subida e descida dos steps, fazendo uso de caneleira de 1 kg para melhor estabilização, movimentos de natação com o auxílio do aquatubo, no qual a paciente realiza movimentos ativos livres de MMII, atividade lúdica com bola visando à simetria de movimentos em diferentes angulações. Finalizado com relaxamento através de deslizamentos e massoterapia com bolinha de propriocepção. Inicialmente, a paciente mostrou-se tensa por não conhecer as estudantes, mas com o passar da sessão se conseguiu aprimorar a relação e a adaptação na água. Os SV iniciais foram: PA: 110/80 mmHg; FC: 91 bpm; FR: 21 irpm; SpO2:100% e os finais PA: 110/90 mmHg; FC: 95 bpm; FR: 20 irpm; SpO2: 99%, mantendo-se estáveis. Foi observada diminuição da hipertonia de MMII, possibilitando o melhor treino da ortostase, fato que gerou manifestação de alegria da paciente referindo que gostava muito de ficar em pé na piscina.  A FA mostrou-se eficaz na modulação do tônus muscular, no treino de ortostase e na interação da criança, sendo este meio bastante prazeroso e lúdico para se trabalhar com esta faixa etária, uma vez que pacientes com este diagnóstico necessitam de fisioterapia por longos períodos. Participar desta prática de disciplina foi bastante produtivo e despertou ainda mais a reflexão sobre a importância da humanização na reabilitação. 


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