PERDA DE CALOR DO RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO: IMPACTOS RELACIONADOS À ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Ingre Paz, Guilherme Augusto Boeck, Carolina Rauber Alves, Eliana Cácia de Melo Machado

Resumo


A regulação da temperatura nos recém-nascidos é um dos fatores extremamente críticos, quando se trata de sobrevida neonatal. Budin observou uma diminuição de mortalidade neonatal de 98 para 23%, quando os recém-nascidos pré-termos eram colocados em incubadoras para manterem a estabilidade de suas temperaturas corporais. A termorregulação é a capacidade do corpo de equilibrar a produção e a perda de calor, mantendo assim a temperatura adequada. Objetiva-se discorrer sobre a perda de calor do recém-nascido pré-termo (RNPT), identificar suas reais consequências e os cuidados relacionados à assistência de Enfermagem em termorregulação neonatal. Trata-se de um estudo descritivo com base bibliográfica e de artigos atuais, realizado durante a disciplina de Enfermagem no Processo de Cuidar – Unidade de Clínica Pediátrica, do 6º semestre de Enfermagem, da UNISC. As alterações da temperatura são manifestadas através de mecanismos como hipotermia e hipertermia. Os pacientes de uma Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN) possuem um risco aumentado para instabilidade e manutenção térmica em decorrência de alguns fatores, como: superfície corporal grande em relação ao peso, capacidade metabólica limitada para produzir calor e isolante térmico ineficaz.A hipotermia nos prematuros ocorre quando a temperatura axilar é inferior a 36,3°C. Os sinais clínicos apresentados por esses pacientes são: extremidades e tórax frios; intolerância alimentar em decorrência da diminuição da mobilidade gastrintestinal, aumentando a quantidade de resíduos gástricos, distendendo o abdome e dificultando assim a sucção; letargia; choro fraco; hipotonia; acidose metabólica; hipoglicemia; alteração da coloração da pele (pálida ou moteada); irritabilidade; apneia e bradicardia. Em crianças com hipotermia grave podem surgir consequências como insuficiência renal, enterocolite necrotizante, risco de hemorragia intraventricular e morte. A perda de calor no recém-nascido prematuro pode ser explicada pelas suas características específicas, bem como a limitada capacidade do seu metabolismo de produzir calor, a superfície corporal diminuída em relação ao seu peso e a pouca quantidade de tecido subcutâneo. Já por outro lado, como uma causa externa de hipotermia, destaca-se a atuação da equipe de Enfermagem no cuidado à esse recém-nascido dentro da UTIN.  Procedimentos e manuseios desnecessários, realizados com a baixa temperatura do ambiente no setor, cita-se ainda o eventual esquecimento das portinholas de incubadoras abertas, estetoscópios utilizados sem o pré-aquecimento das campânulas e lâmpadas de incubadoras ineficazes. São múltiplos os fatores que geram a perda de calor de um recém-nascido e o impacto que esses pequenos gestos trazem à sua vida. O treinamento e a habilidade da equipe de Enfermagem são imprescindíveis para evitar a hipotermia e, consequentemente, o aumento da morbidade e mortalidade que, em múltiplas ocasiões, são relacionadas a vida de um pequeno ser, frágil e que possui sentimentos, expressados ou não.

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