PROJETO MUSICOTERAPIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE IMPLEMENTAÇÃO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA COMO MEDIDA PARA REDUÇÃO DE SEDAÇÃO FARMACOLÓGICA

Ahlana Francine Trevisan, Ricardo da Silveira Bastos, William Rutzen, Luana de Fátima Padão Lozado, Cassiele Daiane dos Santos, Mari Ângela Gaedke

Resumo


A unidade de terapia intensiva (UTI), tem um funcionamento complexo, inerente a sua função, que a difere da enfermaria comum. Tal funcionamento prescinde de monitorização constante, alarmes, bipes e, por vezes, de uma ampla gama de procedimentos, que causam dor e medo no paciente. Dentro desse contexto, estudos apontam que os pacientes podem apresentar quadros de ansiedade que variam entre 70% e 90% das internações. Embora haja referência ao uso de música como terapia desde as sociedades mais primitivas, foi desde a década de 90 que a musicoterapia passou a ser estudada como instrumento de terapia alternativa para distúrbios como ansiedade e depressão. Uma metanálise de 2008 divulgada pela Cochrane já demonstrava efeitos positivos no humor de pacientes com depressão, mas foi em 2014 que a mesma publicou o primeiro estudo robusto embasando o uso da música em pacientes em ventilação mecânica. Desde então, outros trabalhos surgiram demonstrando redução da ansiedade com uso da música em pacientes críticos e oncológicos, tendo inclusive evidência de efeitos fisiológicos, tais como, redução da frequência cardíaca, da pressão arterial, da dor e da prevalência de insônia nos internados. Pela estimulação sensorial, estima-se que o relaxamento provocado pela música gere, em última instância, uma melhor regulação neuro-hormonal central, que auxilia a homeostase de processos biológicos integrados ao sistema nervoso central. Tem-se como objetivo relatar a implementação do uso de musicoterapia em uma UTI adulto de hospital filantrópico, referência em oncologia na macrorregião dos Vales. Trata-se de um relato de experiência de uma intervenção realizada de forma interdisciplinar pela equipe médica e de enfermagem com participação de acadêmicas do curso de Enfermagem da UNISC. Para implementação desta intervenção, foi escolhida como repertório a música clássica, por ter sido o gênero mais frequente na bibliografia pesquisada. A música será fornecida através de caixas acústicas instaladas no interior da cada box, com volume individualizado. Será realizada musicoterapia durante todo o dia, exceto durante o período de higiene e sono, visto que nessa fase não se comprovou benefício da atividade. Pacientes acordados e lúcidos poderão optar pela manutenção ou retirada da música. Foi elaborada uma lista aleatória com cerca de 400 horas de música para que sua periodicidade não se torne repetitiva para pacientes. Ao final de no mínimo dois meses desta intervenção, pretende-se quantificar o uso de sedativos e comparar ao período que antecedeu essa terapia, com hipótese de que haverá redução da necessidade dos medicamentos pelo maior nível de relaxamento. Vivemos em uma cultura extremamente musical, e resgatar essa característica trazendo ela para dentro do ambiente hospitalar, através da música clássica, sem dúvidas trará benefícios. Espera-se que estes benefícios reflitam na melhora clínica dos pacientes como agente não farmacológico para o alívio da dor e de outros sentimentos negativos, de forma que estes pacientes possam receber menor quantidade de sedativos repercutindo posteriormente na recuperação. Ressalta-se também que esta intervenção vem a proporcionar um atendimento mais humanizado e menos mecanicista.


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