CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS MEDICINAIS NA COMUNIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Cassiele Daiane Dos Santos, Carina Hoffmann, Angeline Da Silveira, Kauana Francine Alnoch, Guilherme Augusto Boeck, Kênia Cândido Dagostin, Carolina Rauber Alves, Maria Salette Sartori

Resumo


A utilização de plantas medicinais é difundida e utilizada mundialmente, e não foi diferente no Brasil. A mistura de saberes dos homens da floresta, rezadeiras, benzedeiras, colonizadores e de potenciais estudiosos do meio científico por muito tempo se utilizaram dos saberes e práticas dessas pessoas para dar conta de vários aspectos de saúde e de doença de comunidades e populações em geral. No Brasil, passou a ter sua expressão maior a partir do ano de 2006, através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Sistema Oficial de Saúde (SUS). A universidade, como instituição formadora de profissionais de uma de suas grandes áreas -  área da saúde -, toma pra si a responsabilidade de ampliar conhecimentos e práticas que possam ser produzidos e aplicados para o bem-estar da população e para o desenvolvimento de competências profissionais do Sistema Único de Saúde. Este estudo é parte disso, um relato de experiência acadêmica em situações reais de aprendizagem da disciplina de Saúde Coletiva do curso de Enfermagem, desenvolvida em uma comunidade de remanescência rural, que conta com serviços oficiais de saúde, mas que também convive com outros sistemas “populares de saúde”, que se anunciam e se complementam na busca de uma melhor qualidade para resolução dos problemas de saúde. Objetiva-se conhecer e identificar as plantas utilizadas com maior frequência em famílias da comunidade, as formas de cultivo, de preparo e as indicações que reconhecem como benéficas em situações de saúde/doença. Foram entrevistadas vinte e seis famílias num período de três meses, utilizando-se um questionário com questões abertas e fechadas e o termo de consentimento livre e esclarecido. Como critérios gerais de inclusão, foram considerados residência na comunidade, disponibilidade de participar do levantamento e autorização de divulgação dos dados para fins acadêmicos com omissão de suas identificações pessoais e familiares. Em relação às ervas medicinais, foram citadas cento e duas espécies conhecidas  pelas famílias entrevistadas, sendo que as mais utilizadas são: macela, poejo, boldo, folhas de laranjeira, hortelã, camomila e erva doce. A transmissão de conhecimento referente à forma de preparo, ao uso e às indicações terapêuticas foi um conhecimento transmitido às famílias, basicamente às mulheres, pelos avós, pais e filhos na atualidade. A análise preliminar indica que os usos são semelhantes aos encontrados na literatura tanto para a prevenção quanto para o tratamento de doenças. Algumas considerações merecem destaque pela complexidade do processo de implantação da fitoterapia no âmbito da saúde pública, pois a efetivação de um modelo de atenção à saúde deve ser capaz de abranger as necessidades integrais dos usuários do sistema de saúde e deve levar em conta um conjunto de informações essenciais que possam subsidiar a melhoria da saúde de uma comunidade. Sabe-se, por exemplo, que o crescimento da população idosa, o alto custo de medicações alopáticas, entre outros são fatores impactantes para o setor público de saúde portanto, a fitoterapia deve ser apoiada nos aspectos da qualidade, eficácia e segurança, substituindo o uso empírico pelo uso correto, garantindo assim o acesso seguro à população, pois de outra forma não faria justiça a uma política pública de saúde.


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