A lesão medular é uma agressão à medula espinhal, que pode resultar em perda parcial ou total das funções motoras e/ou sensitivas, comprometendo os sistemas urinário, intestinal, respiratório, circulatório, sexual e reprodutivo. Esse comprometimento ocorre em consequência da morte dos neurônios da medula e da quebra de comunicação entre os axônios que se originam no cérebro e suas conexões, que comprometem a locomoção, ocasionando repouso prolongado, entre outras complicações. A população mais atingida é a de jovens do sexo masculino. Dentre as várias complicações decorrentes da lesão medular, a lesão por pressão é um problema frequente no indivíduo acometido. Este estudo tem como objetivo descrever a experiência vivenciada por acadêmicas do Curso de Enfermagem e Fisioterapia no atendimento multiprofissional ao paciente tetraplégico durante as atividades interdisciplinares no Serviço de Reabilitação Física – SRFis da Universidade de Santa Cruz do Sul. Trata-se de um estudo de caso realizado durante o atendimento multiprofissional por acadêmicos de enfermagem e fisioterapia no Serviço de Reabilitação Física – UNISC. Paciente do sexo masculino, 46 anos, cadeirante, sofreu lesão medular e fratura de vértebras C5, C6 e C7 decorrente de acidente durante um mergulho, resultando em estado de coma por alguns meses. Ele apresentou prejuízos funcionais e comportamentais, impactando na autonomia e qualidade de vida após a saída do hospital. Houve ainda o desenvolvimento de uma lesão por pressão cavitária na região coccígea, fistulada em direção aos glúteos esquerdo e direito, apresentando leito em granulação, com pouco esfacelo e bordos epitelizados. Após o reconhecimento da necessidade de atuação da Fisioterapia e da Enfermagem na prestação de assistência ao paciente, fora utilizado basicamente dois recursos: curativos com placa de carvão ativado com prata e utilização de laserterapia na lesão. A laserterapia de baixa intensidade é um recurso fisioterapêutico que possui efeitos bioquímicos e fisiológicos nos tecidos que promovem a indução ou aceleração da cicatrização de feridas. Utilizou-se radiação de comprimento de onda de 660 nm, com intensidade de 17 J/cm2, aplicado de modo pontual por 1 min em cada ponto. Já o curativo com soro fisiológico e gazes foi o primeiro recurso utilizado pelas acadêmicas de enfermagem que acompanhavam o paciente, porém, após avaliação criteriosa, a utilização da placa de carvão ativado com prata foi indicada. Esta é uma cobertura estéril, composta de tecido de carvão ativado impregnado com prata, envolto externamente por uma película de náilon, selada em todas as bordas. A camada que não é de tecido, proporciona o fluxo do exsudato para o tecido do carvão ativado, que retém as bactérias, as quais são inativadas pela ação da prata. O carvão ativado elimina odores desagradáveis, pois tem capacidade de filtrá-los, necessitando de cobertura secundária absorvente, em casos de lesões exsudativas. Através dos resultados obtidos, observou-se a importância do trabalho multiprofissional para agregar conhecimentos com o intuito de acelerar o processo de cicatrização e promover melhora na qualidade de vida do paciente.