GRUPO ACONCHEGO: ACOLHIMENTO A PAIS DE BEBÊS INTERNADOS EM UTI NEONATAL

Aline Badch Rosa, Ana Julia Vognach, Simone Caldas Bedin

Resumo


A Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal recebe pacientes nascidos com extrema prematuridade a partir da 23ª semana de gestação, que necessita de cuidados e vigilância imediatos por ter apresentado alguma insuficiência ou patologia. Os pais têm livre acesso à unidade, permitindo maior participação no cuidado do recém-nascido. O acompanhamento e a permanência dos mesmos, durante a internação, são considerados de extrema importância na melhora do quadro clínico dos bebês. A imersão dos pais neste processo de cuidar e acompanhar os bebês na UTI são atividades que geram significativa sobrecarga física e emocional. A partir disso, a equipe de saúde da UTI Neo oferece um grupo destinado a estes pais e cuidadores de crianças de alto risco internadas na unidade. Este trabalho apresenta o relato de experiência do Grupo Aconchego da UTI do Hospital Santa Cruz, como tarefa integrante do Estágio Integrado em Psicologia da UNISC. Busca-se oferecer suporte psicológico às famílias, auxiliando na adaptação à situação e buscando diminuir as intercorrências que possam dificultar a formação dos primeiros vínculos entre mãe-bebê. Ademais, proporcionar aos pais e cuidadores momentos de conscientização sobre a importância do seu papel e a sua presença na UTI para os cuidados com o bebê, no intuito de colaborar na recuperação, além de favorecer a expressão de sentimentos gerados pelas incertezas do diagnóstico, os medos, fantasias sobre morte e o sofrimento frente à hospitalização. O Grupo Aconchego é de caráter terapêutico com o intuito de proporcionar um espaço de reflexão e escuta para as demandas dos pais. O grupo desenvolve atividades quinzenalmente, sendo responsável pela organização e iniciação do grupo a residente e estagiária de psicologia, com a participação das demais áreas da Residência Multiprofissional: educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição e odontologia. É trabalhado a construção do vínculo, o potencial de investimento dos pais e as rotinas da unidade (BALTAZAR, GOMES e CARDOSO, 2010), através de atividades que contemplam diálogos sobre os aparelhos e os métodos utilizados, esclarecendo dúvidas quanto aos procedimentos técnicos investidos no bebê. As atividades em grupo permitiram aos sujeitos refletir, problematizar e verem-se também necessitados de cuidados. Os participantes do grupo sentem-se acolhidos em suas demandas, mostram-se mais confiantes com a equipe. Os pais relataram se sentirem mais aliviados ao falar de suas angústias, medos e expectativas. Foi observado que, além da maior participação dos pais na interação com a equipe, o grupo possibilitou um melhor questionamento das suas dúvidas quanto aos procedimentos técnicos investidos no cuidado do bebê. Percebe-se uma minimização das ansiedades das mulheres, quando discutido sobre amamentação, pois compreendem a importância da presença da mulher na UTI, junto com a equipe, para retirada de leite materno a fim de estimular a produção de leite. A mãe que acabou de ter o bebê encaminhado à UTI pode sentir-se inteiramente dominada por um sentimento de incapacidade e de culpa (VALANSI e MORSCH, 2004). Esta prática em grupo reconhece as demandas dos pais em espaço adequado para suas questões. O trabalho da equipe multidisciplinar pressupõe o fortalecimento do autocuidado e proporciona aos pais orientações sobre os procedimentos terapêuticos necessários aos cuidados do bebê, tanto no aspecto emocional quanto técnico.


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