PREVALÊNCIA DE MORDIDA ABERTA ANTERIOR E IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA DE PRÉ-ESCOLARES E SEUS FAMILIARES EM SANTA CRUZ DO SUL, RS

Thiago Machado Ardenghi, Alana Beatriz Redel Pfeifer, Renita Baldo Moraes

Resumo


A atual definição de saúde bucal engloba a capacidade de falar, sorrir, cheirar, saborear, tocar, mastigar, engolir, transmitir emoções através de expressões faciais sem dor ou desconforto e ausência de doenças do complexo craniofacial. Portanto, a saúde bucal não pode ser dissociada da saúde geral, sendo dependente dos fatores fisiológicos, sociais e psicológicos indispensáveis na qualidade de vida. Dentre os principais agravos em saúde bucal, destaca-se a má oclusão, caracterizada pela má posição dos dentes no arco dentário, muitas vezes, acompanhada de problemas respiratórios, na fala e mastigação. Em pré-escolares, a mordida aberta anterior é uma das alterações oclusais mais prevalente, configurada pela falta de contato entre os incisivos e/ou caninos com seu arco oposto. O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência da mordida aberta anterior e seu impacto na qualidade de vida de crianças de 2 a 5 anos de idade, matriculadas em Escolas Municipais de Ensino Infantil (EMEIs) e seus familiares, na área urbana do município de Santa Cruz do Sul, RS. Para isso, foi realizado um estudo transversal, após a aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC e consentimento dos pais/responsáveis. A coleta de dados foi realizada de abril a novembro de 2016.  Os exames bucais das crianças foram realizados seguindo os critérios de Foster e Hamilton (1969), e do Projeto SB Brasil 2010, por três examinadoras previamente treinadas e calibradas, nas EMEIs, sob luz natural, com a criança sentada em frente ao examinador. Foi considerado que a criança apresentava mordida aberta quando, em oclusão cêntrica, as superfícies incisais dos incisivos centrais inferiores decíduos apresentavam-se abaixo do nível das superfícies incisais dos incisivos centrais superiores decíduos. Os pais responderam um questionário socioeconômico, com dados referentes a renda familiar, escolaridade dos pais, hábitos da criança, entre outros. O impacto da saúde bucal na qualidade de vida das crianças e de sua família foi avaliado através da versão brasileira do Early Childhood Oral Health Impact Scale – B-ECOHIS. Esse questionário é dividido em duas seções, sendo que uma avalia o impacto das alterações bucais na criança, em 4 domínios (sintomas, função, psicológico e autoimagem e interação social); e outra avalia o impacto das mesmas na família, em 2 domínios (estresse parental e função familiar). Participaram desse estudo 409 crianças, de 02 a 05 anos de idade, de 18 EMEIs do Município de Santa Cruz do Sul. Entre elas, 136 apresentaram mordida aberta anterior, ou seja, a prevalência encontrada foi de 33,25%. A análise estatística mostrou que não houve associação entre a mordida aberta anterior e a qualidade de vida relacionada à saúde bucal dos pré-escolares e seus familiares. Concluiu-se que, apesar da elevada prevalência encontrada de mordida aberta anterior, ela não está afetando negativamente a qualidade de vida das crianças e de suas famílias.


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