INCIDÊNCIA DE SÍFILIS CONGÊNITA EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL
Resumo
A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) sistêmica, de evolução crônica, causada pela bactéria Treponema pallidum. Apesar da transmissão se dar principalmente por via sexual, a transmissão vertical também ocorre. A sífilis congênita é considerada uma condição evitável desde que a gestante e suas parcerias sexuais sejam oportunas e corretamente diagnosticadas e tratadas. Desta forma, a transmissão vertical da sífilis funciona como um marcador da qualidade da assistência pré-natal. No mundo, a sífilis é responsável anualmente por 300.000 mortes fetais e neonatais e pelo aumento do risco de morte prematura de 215.000 crianças. A eliminação da transmissão vertical da sífilis é prioridade na América Latina e Caribe e, desde 2014, são certificados os países que atingirem taxas de incidência (TI) de sífilis congênita iguais ou menores de 0,5 caso/1000 nascidos vivos, que tiverem cobertura de no mínimo 95% de pré-natal, 95% de testagem para sífilis e 95% de tratamento com penicilina das gestantes com sífilis. No Brasil, inúmeras iniciativas, como a notificação compulsória e a realização do teste rápido treponêmico na rede de saúde, desde 2011, buscam inibir a progressão da doença ao feto. No entanto, no período de 2010 a 2015 foi registrada elevação na TI de sífilis congênita. Em 2015, o país apresentou TI de 6,5/1000 nascidos vivos; a região sul de 6,9/1000; o Rio Grande do Sul de 11,5/1000 e Porto Alegre de 30,2/1000 nascidos vivos, ou seja, a capital gaúcha apresentou incidência 4,7 vezes maior do que o país. Desta forma, objetivou-se conhecer a incidência de sífilis congênita, de sífilis em gestantes e as taxas de transmissão vertical de sífilis em um município do interior do Rio Grande do Sul. Estudo descritivo de abordagem quantitativa que utilizou dados secundários provenientes das Fichas de Notificação de Agravos de Notificação Compulsória acessados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Foram analisados os casos notificados de sífilis em gestantes e de sífilis congênita no período de 2012 a 2016. As taxas de sífilis congênita apresentadas no município entre 2012 e 2015 variaram de 7,6/1000 em 2012 a 16,3/1000 em 2015, tendo em 2016 apresentado taxa de 7,9/1000. Neste mesmo período, as taxas de sífilis em gestantes do município variaram de 15,2/1000 (2012), 11,3/1000 (2013), 14,1/1000 (2014), 19,2 (2015), 18,3 (2016). As taxas de transmissão vertical da sífilis no município variaram de 50% em 2012, 87% em 2014, 85% em 2015 e 43% em 2016. Apesar das taxas de sífilis congênita do município terem apresentado decréscimo no último ano analisado, houve no período estudado um aumento significativo, permanecendo na maioria dos anos acima ou muito próximas das taxas do país, da região sul e do Rio Grande do Sul. O ano de 2015 chama a atenção em todos os territórios analisados. Este fato pode estar relacionado com a melhoria da notificação, o aumento da distribuição dos testes rápidos para sífilis em todo o país entre 2012 e 2015 somado às consequências do desabastecimento nacional de penicilina benzatina, a partir de 2014. Mesmo assim, a taxa de transmissão vertical de sífilis encontrava-se, mesmo antes de 2014, muito elevada no município quando comparada a da cidade do Rio de Janeiro de 2007 a 2008 que foi de 34,8%. Conclui-se que é necessário qualificar ainda mais as ações voltadas à detecção, diagnóstico e tratamento da sífilis no pré-natal que envolva além das gestantes também suas parcerias sexuais.
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