A ANÁLISE INSTITUCIONAL ENQUANTO MÉTODO DE PESQUISA EM UM COMPLEXO DE ACOLHIMENTO NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL (RS)

Autores

  • Estefani Kerolin Betti UNISC
  • Pâmela Noronha da Silva UNISC
  • Marília Schwab Kessler UNISC
  • Rosângela Fontoura da Cruz UNISC

Resumo

Através da Resolução nº 109, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome estabelece que os Serviços de Acolhimento Institucional para adultos e famílias tem como objetivo realizar o acolhimento provisório com estrutura para acolher com privacidade pessoas do mesmo sexo ou grupo familiar. É previsto para pessoas em situação de rua ou desabrigo por abandono, migração ou ausência de residência ou pessoas em trânsito e sem condições de autossustento. O termo Complexo de Acolhimento é definido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, que regulamenta as diretrizes que esses locais devem seguir, classificado-os como Alta Complexidade, destinados a atender crianças, adolescentes, adultos, mulheres em situação de violência, deficientes e idosos. O presente trabalho resulta de uma prática da disciplina de Estágio Básico em Processos Institucionais do curso de graduação em Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), na qual foram realizados nove encontros no período de 31/03/2017 ao dia 21/06/2017, incluindo uma devolutiva, ao final, na instituição em questão. O intuito foi o de utilizar esse referencial para tornar visível para o estabelecimento sua dimensão institucional nessa esfera, e que engendram os modos de vida e os processos de subjetivação dos atores sociais envolvidos.  A análise teve, como recomenda a análise institucional, o olhar atento ao que foi sendo percebido como típico daquela organização, sua materialização esboçada nas atividades propostas, nas rotinas, nos objetivos do local, nas relações (de poder), nas regras, nos regimes discursivos, enfim, na ordem estabelecida. É importante conhecer como são produzidos os processos de institucionalização pelos quais um serviço tão desafiante como esse, que atende pessoas em situação de vulnerabilidade social e com tão poucos recursos para oferecer o que se propõe amparando e oferecendo uma escuta sensível. Nesta experiência de estágio básico, pode-se perceber a estigmatização muitas vezes presente no próprio interior do serviço, dirigida a usuários de álcool e outras drogas, que são vistos como aqueles que não querem se ajudar e que não sairão das ruas. Pensando sobre as formas de subjetivação das pessoas que frequentam a instituição e da convivência que acontece com os sujeitos e profissionais, Mansano afirma que essa produção de subjetividades, da qual o sujeito é um efeito provisório, mantém-se em aberto uma vez que cada um, ao mesmo tempo em que acolhe os componentes de subjetivação em circulação, também os emite, fazendo dessas trocas uma construção coletiva viva. O autor também aponta que é necessário acrescentar que a difusão desses componentes se dá a partir de uma série de instituições, práticas e procedimentos vigentes em cada tempo histórico, e que é nessa dinâmica mutante que os processos de subjetivação vão tomando forma. De uma forma geral, através do presente estudo, foi possível identificar especificidades das demandas do serviço e da atuação dos profissionais com os usuários que acessam, além de identificar questões de preconceito, discriminação e estigmas que permeiam a realidade das pessoas que acessam esse serviço. Dessa forma, a metodologia adotada propõe uma análise crítica e sensível às singularidades da instituição que foi o objeto central deste estudo.

Palavras-chave: Análise institucional. Complexo de Acolhimento. Estigma.

Biografia do Autor

  • Estefani Kerolin Betti, UNISC
    UNISC
  • Pâmela Noronha da Silva, UNISC
    UNISC
  • Marília Schwab Kessler, UNISC
    UNISC
  • Rosângela Fontoura da Cruz, UNISC
    UNISC

Publicado

2017-10-10

Edição

Seção

Ciências Socias Aplicadas