FACT-CHECKING: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA ESCOLAR SOBRE OS MITOS E VERDADES DAS NOTÍCIAS

Joseline Tatiana Both, Douglas Miguel Walter, Cristiano Roberto Wildner, Marcus Eduardo Maciel Ribeiro

Resumo


As linhas entre jornalismo e entretenimento estão cada vez mais tênues em função do excesso de informação que pode gerar crises de confiabilidade nas notícias e em fontes. Nosso trabalho propõe um debate de ideias e pensamentos sobre o uso de sites da internet, seus mitos e verdades no contexto escolar. Há de se considerar uma série de fatores para saber, de fato, se o que escutamos e lemos, é realmente um fato verídico ou apenas mais uma das notícias sensacionalistas para impressionar as pessoas. A atividade aqui relatada foi realizada em forma de oficina em uma Escola Estadual do município de Venâncio Aires, com 12 alunos do nono ano do Ensino Fundamental. O objetivo do trabalho foi refletir sobre questões das mídias sociais na proposição de um debate e discussões acerca de mitos e verdades que encontramos atualmente nos sites da internet que talvez sejam o principal meio de informação do público em geral. Inicialmente, foi necessária uma revisão teórica sobre os meios de comunicação que auxiliasse na compreensão de como esses estão enraizados na sociedade e de que forma colaboram na construção de certezas. Como base para realização do trabalho, utilizamos a perspectiva da Metodologia Dialética para construção do conhecimento. Foram discutidos com os estudantes temas ligados ao poder da informação, à concepção histórica da importância da informação no dia a dia das pessoas e como as novas tecnologias aumentam o poder da informação. As atividades práticas iniciaram a partir do uso do guia desenvolvido pelo Instituto Poynter – entidade norte-americana sem fins lucrativos que promove o ensino do jornalismo. A atividade consistia em analisar três matérias tidas como jornalísticas sobre nações em que o voto é obrigatório ou facultativo. Dois textos eram opinativos e apenas um era de fato jornalístico, com indicação de fontes. Ao final da oficina, cada aluno produziu um texto em que foram feitas algumas observações sobre o tema. Apesar de os estudantes relatarem sobre os exageros da mídia tradicional, é inegável que jornais, rádios, sites e emissoras de televisão confiáveis são essenciais para distribuir informações checadas com métodos jornalísticos que garantam a notícia de qualidade. Também foi possível questionar os estudantes em relação ao limite da informação, investigando se uma notícia é falsa ou verdadeira, ou seja, se a noção da verdade de uma informação já não surge como uma ideia de problema contemporâneo. Assim, a era da chamada "pós-verdade" (termo eleito a "palavra do ano" em 2016), pode tornar frágil até mesmo a democracia. Ao final da oficina, cada aluno produziu um texto em que foram feitas algumas observações sobre o tema. Os textos produzidos indicavam que compartilhar informações falsas é relativamente rápido. Em um dos textos, um aluno encerrou afirmando que ‘‘aprendeu a discernir notícias falsas’’. Em um mundo com decisões cada vez mais dinâmicas e efêmeras, tudo é muito passageiro e as transformações transcorrem em uma velocidade muito rápida. A escola, que é um dos poucos locais institucionalizados para discussões e debates sobre as transformações sociais, morais e políticas de uma sociedade, no entanto, resiste a essas mudanças. É de se considerar que a escola é reflexo da sociedade na qual está inserida, ela não é o pivô e muito menos o centro de tudo, é uma parte do todo, que, talvez, quer que ela seja tudo. 


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