RELAÇÕES ENTRE ORALIDADE E ESCRITA: TRANSFORMAÇÃO DO TEXTO FALADO PARA O TEXTO ESCRITO
Resumo
A língua falada e a língua escrita são duas modalidades de uso da língua, cada uma com suas especificidades. Cada modalidade é importante, independentemente de qual seja a mais antiga ou a mais “correta” de acordo com a gramática normativa, pois cada uma é utilizada de acordo com uma situação comunicativa. Este estudo sobre as relações entre oralidade e escrita teve os seguintes objetivos: a) analisar as diferenças entre as modalidades da língua oral e escrita; b) mostrar que, apesar de existirem algumas diferenças entra língua falada e língua escrita, não existe uma modalidade mais “certa” ou mais “elaborada” que a outra; c) apontar peculiaridades presentes nas modalidades da língua, tanto escrita quanto oral; d) demonstrar que a escrita não é uma representação da fala e que cada modalidade dispõe de regras. Para realizar os objetivos propostos, foi analisada a fala de uma estudante do segundo semestre do curso de Letras, de 31 anos de idade, moradora da zona urbana de Santa Cruz do Sul. A entrevista realizou-se a partir de um roteiro de perguntas a respeito de um tema pré-definido. Após a realização da entrevista, esta foi transcrita e, em seguida, retextualizada de três formas: primeiro, houve a transcrição, que, apesar de encontrar-se no formato escrito, apresentou todas as singularidades da modalidade oral, tais como hesitações, sobreposições, etc. Já a segunda transformação, isto é, a retextualização, foi dividida em duas partes: a primeira manteve os turnos com perguntas e respostas; já na segunda retextualização, estes turnos foram eliminados completamente, abandonando, assim, a estrutura dialogal. Algumas características presentes exclusivamente na modalidade oral, como truncamentos, entoação enfática, entre outras, foram transpostas para a modalidade escrita através de elementos gráficos, de acordo com o manual de transcrição do Nurc-RJ. Esta pesquisa teve como referencial teórico as obras Da oralidade à escrita: uma busca da mediação multicultural e plurilinguística, de Onici Flôres e Mozara Rosseto da Silva, e Da fala para a escrita: atividades de retextualização, de Luís Antônio Marcuschi. Concluímos com este trabalho que, apesar de apresentarem algumas diferenças, as modalidades oral e escrita da língua não podem ser vistas como pares dicotômicos, pois elas não se opõem, ambas são os dois lados de uma mesma moeda, isto é, elas se completam e não se separam. Tanto a língua oral quanto a escrita servem a um propósito que é a comunicação, cada qual servindo em determinado contexto linguístico. Existem, sim, diferenças entre as modalidades, porém essas diferenças não interferem na compreensão entre locutor e interlocutor. Afinal, se a língua falada fosse tão caótica quanto dizem, a comunicação entre duas ou mais pessoas seria impossível.
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