ANÁLISE DOS DISCURSOS CONTIDOS NAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS SOBRE AS PRÁTICAS ASSISTENCIAIS VOLTADAS A PORTADORES DE HIV E AIDS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Samanta Barbosa, Mariana Soares Teixeira, Jémerson Madrid Dias, Fabiane Friedrich Schütz

Resumo


O Vírus da Imunodeficiência Humana – HIV vem se disseminando globalmente desde que foi detectado pela primeira vez em meados da década de 80. No final de 2015, cerca de 36,7 milhões de pessoas estavam vivendo com o vírus em todo o planeta. No Brasil, segundo o Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2016, foram notificados no SINAN (Sistema de Informação de Agravo de Notificação) 136.945 casos de infecção por HIV nos últimos dez anos. O agente responsável pela doença, o vírus HIV, atinge o sistema imunológico, impossibilitando o organismo de defender-se contra doenças oportunistas. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – Aids é o estágio mais avançado da doença e caracteriza-se pela perda significativa de uma das células responsáveis pela defesa do organismo, os linfócitos T CD4+, a um nível que debilita o portador a ponto de deixá-lo sujeito a infecções de toda ordem e dificultando o tratamento dessas doenças. O tratamento da Aids, além de todo o aparato que compõe a atenção integral ao soropositivo - composto por assistência social, médica, psicológica e odontológica - é realizado através dos medicamentos antirretrovirais, que surgiram ainda na década de 80 e tem a função de impedir a multiplicação do vírus no intuito de evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Como a doença ainda não tem cura, os antirretrovirais são a única possibilidade de combater o vírus a um nível que minimize ou até anule os efeitos da doença. Esses medicamentos são gratuitos e adquiridos e distribuídos (no Brasil) somente pelo Governo Federal. Entretanto, sabendo que os medicamentos são essenciais para a manutenção da vida dos soropositivos, essa exclusividade no fornecimento de medicamentos torna as Pessoas Vivendo com HIV e Aids (PVHA) dependentes do Estado. Assim, o poder sobre a vida e morte dessas pessoas está nas mãos do Estado, que obriga os soropositivos a submeterem-se às suas regras para não morrerem, ou para, pelo menos, manterem uma saúde digna. Essa submissão às políticas de Estado acaba também criando discursos que formatam a maneira de ser e viver com HIV/Aids. Esta pesquisa pretende analisar os discursos contidos nas publicações científicas sobre as práticas assistenciais voltadas as pessoas vivendo com HIV e Aids, identificando quais os tipos de práticas voltadas a esse público são mencionadas pelas publicações. Utilizará como estratégia metodológica a revisão sistemática em bases de dados científicos, que consiste no uso de métodos sistemáticos a fim de avaliar criticamente o saber científico relevante para a pesquisa, coletando e avaliando dados pertinentes à mesma e seguindo o protocolo e a sequência de passos minuciosamente. Como técnica de análise de dados será utilizada a análise dos discursos sobre as práticas assistenciais ao portador HIV e Aids presentes nas publicações recentes. Os resultados deste estudo ainda são preliminares, uma vez que a coleta de dados está em andamento, não sendo possível, portanto, descrevê-los. A análise dessas produções será relevante para verificar quais discursos permeiam as produções científicas quando se fala de HIV e Aids. Considerando que as produções científicas e seus saberes influenciam a construção de conhecimento e até mesmo a elaboração e execução de práticas de assistência, elas podem reforçar, desconstruir ou manter estigmas, bem como induzir formas de compreensão acerca dos temas que aborda. Nossa pretensão é verificar como isso vem ocorrendo nos últimos cinco anos no âmbito do HIV e da Aids.

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