A INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NA SAÚDE MENTAL DE MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE

Cassiandra Sampaio Joaquim, Letícia Fagundes Fonseca, Janaína Corrêa, Chana de Medeiros da Silva, Lisone Muller Morsch, Lia Gonçalves Possuelo

Resumo


A extensão universitária visa integrar o ensino-serviço, realizando atividades de promoção da saúde e de educação permanente. Este estudo foi realizado por uma bolsista do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, PRÓSAÚDE da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, em conjunto com os profissionais da Unidade de Saúde Prisional do Presídio Regional de Santa Cruz do Sul (PRSCS), e tem como objetivo avaliar o impacto da atividade física na saúde mental de mulheres privadas de liberdade do PRSCS. Foi realizado um estudo de intervenção, com pré e pós-teste de agosto a novembro de 2017. No pré-teste as mulheres foram questionadas sobre o uso de medicação controlada e a prática de atividades físicas. Após, as entrevistadas foram convidadas a participar de atividades físicas, ministradas pela técnica de enfermagem deste presídio, que também é educadora física. As atividades foram realizadas uma vez por semana de setembro a dezembro, num total de 11 encontros, onde foram realizadas atividades físicas e de recreação. Após o 9° encontro foi aplicado o questionário de pós-teste. Das entrevistadas 44,82% possuem diagnóstico de doenças, transtornos ou distúrbios, entre elas: depressão, hipertensão, diabetes, HIV, transtorno bipolar, insônia, estresse, síndrome do pânico e ansiedade. No pré-teste 58,62% das mulheres relatou fazer uso de medicamentos controlados, como antidepressivos, antipsicóticos, indutores do sono, entre outros. As expectativas em relação às atividades variaram, pois algumas pensavam que não seria “tão legal” como foi, e que as atividades iriam envolver apenas questões físicas, o que superou as expectativas das entrevistadas, visto que relataram que muitas vezes foi possível “esquecer que estavam dentro do presídio”, “descontraíram a mente” e “aliviaram os pensamentos ruins”. Todas as entrevistadas afirmam ter gostado de participar, pois dizem ter se divertido, se sentiram mais felizes, gostaram de fazer atividades diferentes, foi bom sair da cela, diminuiu o estresse, ocuparam o tempo e que foram horas de distração em que esquecem as “coisas lá de fora”. Quando questionadas se a participação nas atividades trouxe algum benefício para a saúde, as respostas foram unanimemente positivas; quando relatam que se sentem com mais ânimo, pois antes ficavam deitadas por muito tempo, sentem-se mais calmas, saíram do sedentarismo, aliviaram algumas tensões, diminuíram crises de bronquite e em alguns casos ajudou no emagrecimento. As respostas se repetem com mesma satisfação, quando foram questionadas sobre os possíveis benefícios que as atividades trouxeram para sua saúde mental, inclusive relatam ter diminuído o uso de medicamentos controlados, principalmente no dia das atividades. Em suma, foi possível avaliar o impacto positivo da atividade física na saúde mental das mulheres privadas de liberdade do Presídio Regional de Santa Cruz do Sul, visto que os resultados pós-testes apontam a redução do uso de medicamentos controlados após a prática de atividades físicas e recreativas desenvolvidas dentro do Projeto Educação Física na Saúde Prisional, trazendo benefícios a saúde física e mental, melhora a qualidade de vida, bem como, favoreceu aspectos emocionais, trazendo bem-estar e a melhora da autoestima das apenadas. Justifica-se, assim, a importância do investimento em atividades alternativas na prática diária na atenção básica à saúde prisional no âmbito da saúde mental.

 


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