UTILIZAÇÃO DE DERMESTÍDEOS (COLEOPTERA: DERMESTIDAE) NA PREPARAÇÃO DE MATERIAL OSTEOLÓGICO PARA O ENSINO DE ZOOLOGIA

Régis Josué Bohn, Samuel Augusto da Silva, Gabriela Lara Lehmen, Andreas Köhler

Resumo


Os esqueletos são considerados ferramentas importantíssimas tanto para a pesquisa científica, quanto para fins didáticos, mediante a representação de estruturas corpóreas. A família Dermestidae é amplamente utilizada na limpeza de material ósseo, uma vez que as larvas e os adultos se alimentam da carne residual, couro, pelos e penas de carcaças secas de animais. O emprego de coleópteros para a sua preparação é vantajoso quando comparado a outros métodos, pois as larvas facilmente atingem regiões de difícil acesso, proporcionando assim uma limpeza completa, até mesmo com a possibilidade do material permanecer totalmente articulado. O presente trabalho objetiva realizar a limpeza de esqueletos de diferentes animais por meio da utilização de dermestídeos com o intuito de aproveitá-los como base para estudos de Zoologia nos cursos de Ciências Biológicas e Medicina Veterinária da Universidade de Santa Cruz do Sul. A criação dos besouros foi iniciada em agosto de 2017, com cerca de vinte indivíduos adultos oriundos de uma colônia preexistente. Os mesmos foram depositados no interior de uma caixa plástica com capacidade para onze litros, a fim de comportar uma colônia de tamanho razoável. O recipiente foi tampado para evitar a saída dos insetos. Parte da tampa foi substituída por uma tela de nylon para facilitar a ventilação interna, contendo uma malha fina o suficiente para evitar a entrada de seres danosos à criação. Ao fundo da embalagem foram acrescentadas camadas de algodão hidrófilo com a finalidade de servir como substrato, além de manter a temperatura. Periodicamente o algodão também foi umedecido. Em seguida, as carcaças foram colocadas em posição definitiva no interior do recipiente plástico, sendo as colônias acompanhadas para que não houvesse falta de alimento, onde sempre foram abastecidas quando necessário com novos materiais biológicos. Atualmente, a criação conta com três colônias, estando as mesmas estabelecidas em duas caixas plásticas e em uma de madeira. O tempo de permanência de cada exemplar sob a ação dos insetos foi variável, podendo sofrer influência da sazonalidade, do tamanho e da idade do animal e das condições das colônias em termos de números de larvas. Regiões dificilmente acessíveis por outros métodos, como a parte interna do crânio e forames, foram limpas de forma simples e efetiva. A técnica foi aplicada em um exemplar de diferentes espécies, das domésticas, como boi, cão, cavalo, gato, ovelha e porco, às silvestres, como bugio, coruja e morcego. O uso de indivíduos de Dermestidae como agentes para a retirada dos tecidos moles dos esqueletos de diferentes animais se mostrou prático e eficiente, indo desde peças maiores, como a de bovinos, a detentores de estruturas complexas e frágeis, como os quirópteros. Para os fins didáticos inicialmente propostos, o resultado final pode ser considerado positivo.


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