PLANO DE PARTO E VINCULAÇÃO PRÉVIA DA GESTANTE AO SERVIÇO DE SAÚDE: ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO
Resumo
Dentre os quesitos abordados nos dez passos para o Pré-Natal de Qualidade instituídos pelo Ministério da Saúde, destacam-se a realização do Plano de Parto e vinculação prévia da gestante ao serviço de saúde. O Plano de Parto consiste em uma listagem de procedimentos elencados pela gestante que deverão ser honrados pelos profissionais na assistência ao decorrer do trabalho de parto, nascimento e cuidados com o recém-nascido. A visita da gestante à maternidade, sancionada através da Lei nº 11.634 em 27 de dezembro de 2007, especifica o direito de conhecimento e vinculação prévia da gestante à instituição de saúde onde receberá assistência no parto e puerpério. Assim, objetivou-se conhecer a realidade da elaboração de Plano de Parto e vinculação prévia das gestantes a um serviço de saúde de referência. Trata-se de um relato de experiência vivenciado na disciplina Enfermagem no Processo de Cuidar: Unidade de Clínica Obstétrica, do sexto semestre do Curso de Enfermagem da UNISC. O estudo envolveu puérperas internadas em uma unidade obstétrica de um Hospital Escola localizado no interior do estado do Rio Grande do Sul. A coleta de dados foi realizada no decorrer da aulas teórico-práticas, alicerçando-se em questões norteadoras. A amostra foi do tipo de conveniência e, como critérios de inclusão para a constituição desta, as participantes deveriam ser puérperas internadas em leito pelo SUS e responder à entrevista de forma voluntária. Como resultados, foram abordadas nove puérperas entre 16 e 35 anos de idade. No que diz respeito aos tipos de parto, foram efetuados quatro partos cesárea e cinco partos normais, variando entre 36 a 41 semanas a idade gestacional. Em relação ao Plano de Parto, nenhuma relatou ter sido orientada a elaborar o mesmo. Da mesma forma, nenhuma puérpera deslocou-se exclusivamente para visitação e conhecimento da maternidade do hospital. No entanto, três puérperas afirmaram já conhecer a unidade nas gestações anteriores e seis alegam não conhecer nenhum setor do hospital. Oito parturientes realizaram o Pré-Natal em serviços de saúde públicos e apenas uma realizou o acompanhamento gestacional na rede privada de saúde. A inexistência da vinculação prévia da gestante ao hospital pode ser resultante da falta de orientação e estímulo por parte dos profissionais da saúde envolvidos na fase do pré-natal, momento em que deve ser concretizada a vinculação. Além disso, em relação ao Plano de Parto, o mesmo deve ser elaborado e planejado a partir das demandas da gestante, com o auxílio dos profissionais da área da saúde, principalmente o enfermeiro. Ambos são componentes educativos de alto potencial e possuem a capacidade de aprimorar a comunicação entre o profissional e a paciente, subsidiando assim a tomada de decisão sobre o parto e nascimento. Os dados deste estudo evidenciaram uma possível lacuna preocupante: a inexistência da elaboração de Planos de Parto e a vinculação prévia da gestante nos serviços de saúde podem ser consequentes da ausência de orientações dos profissionais de saúde frente a tais práticas. Frente a isso, o profissional enfermeiro tem um papel importante na orientação e estímulo das gestantes nessas ações, a fim de auxiliá-las em uma participação mais ativa e expectativa positiva do parto, tendo em vista que ambos são ferramentas valiosas de educação e comunicação, que podem contribuir para a redução de procedimentos desnecessários e assegurar os direitos a uma assistência integral e humanizada.
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