LENDO A SÉRIE HARRY POTTER: ESTRATÉGIAS DE UM NARRADOR NADA TROUXA
Resumo
O objetivo deste trabalho é analisar as estratégias utilizadas pelo narrador da série Harry Potter, da autora britânica J. K. Rowling, publicada originalmente entre 1997 e 2007, para que possamos entender as estratégias do narrador em seu modo de contar a história, utilizando diferentes recursos narrativos e trazendo elementos da literatura fantástica, da literatura juvenil e da literatura policial. Parece-nos que esses recursos colaboram para a conquista de uma variada gama de leitores de diferentes idades e com diferentes hábitos de leitura. Pretendemos nos debruçar atentamente sobre este narrador, para que busquemos compreender um pouco mais a forma como a narrativa se revela aos olhos dos leitores. Para atingir os resultados, é necessária a releitura das narrativas de Harry Potter a partir das questões a serem desenvolvidas, trazendo pequenas sínteses dos sete livros publicados. Em um segundo momento, teremos o estudo dos três gêneros literários citados como hipóteses de ocorrência na série. Eles são o juvenil, o fantástico e o policial. A partir de textos dos teóricos e críticos literários, buscaremos compreender as características destes gêneros para que possamos relacioná-los com a fábula criada por Rowling, já que um olhar atento revela que a série contém um alto grau de fantasia, com todos os seus elementos mágicos, além de características das narrativas policiais – como a utilização de testemunhas e de resoluções de mistérios – e da aproximação e identificação do leitor, traços marcantes da literatura juvenil. Em seguida, realizaremos uma pesquisa acerca da tipologia do narrador, utilizando o trabalho de estudiosos como Norman Friedman, Ligia Chiappini Moraes Leite e Wolfgang Iser, os quais estudam a temática da narrativa, dos tipos de narrador e das várias maneiras de se contar uma história, sob diferentes ângulos e perspectivas. Finalmente, analisaremos quais são as estratégias adotadas pelo narrador da série Harry Potter, buscando compreender o motivo pelo qual ela encanta tantos leitores em tantos lugares. O narrador da série Harry Potter sabe quando ser fantástico, policial e juvenil. E sabe também quando deve ser neutro ou intruso e quando deve sair de cena para deixar que os personagens controlem a narrativa. As estratégias utilizadas pelo narrador criado por J.K. Rowling dançam nas páginas dos sete volumes da série Harry Potter e demonstram o valor que tem a literatura juvenil, a fantástica e a policial, todas tão desvalorizadas pelos estudiosos. A história narrada nestes livros prova que seres humanos são muito mais do que suas limitações – muitas vezes impostas por outros – e têm capacidade de lidar com as mais diversas e complexas situações, independentemente de qualquer classificação etária ou capacidade cognitiva.
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