PARENTALIDADES NÃO CONVENCIONAIS EM CONTEXTOS TRADICIONAIS DO INTERIOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL: EXPERIÊNCIAS DE HOMOPARENTALIDADE NA PERSPECTIVA DE PAIS E FILHOS
Resumo
Pesquisas sobre parentalidade homossexual no Brasil estão em pleno desenvolvimento, no entanto esbarram em preconceitos e resistências tanto acadêmicas quanto sociais. Na primeira década dos anos 2000 foi consolidada uma rede de pesquisadores do Brasil e da América Latina interessados no tema Parceria Civil, Conjugalidade e Homoparentalidade, os quais se detiveram, principalmente, nas experiências de sujeitos adultos, das camadas médias e urbanas das grandes metrópoles, contribuindo para ressignificação dos modos de ser e viver experiências afetivas, sexuais e familiares. Considerando que a literatura contemporânea prioriza sujeitos adultos como seus sujeitos de pesquisa, o presente trabalho surge com interesse em investigar as atuais experiências e vivências de filhos(as) e de pais gays, mães lésbicas, e arranjos familiares não convencionais (travestis, transexuais), especificamente em cidades do interior do estado do Rio Grande do Sul. Portanto, tem como objetivo principal investigar os modos de vida estabelecidos pelos sujeitos dos arranjos familiares não convencionais no interior do estado do Rio Grande do Sul. Os sujeitos da pesquisa são localizados por meio de redes sociais virtuais e não virtuais. A metodologia adotada é a etnografia psicanalítica, utilizando a entrevista, a observação e o diário de campo como recursos técnicos privilegiados. Dentre as famílias contatadas, um total de oito até o presente, cinco autorizaram o encontro, outras criaram dificuldades que entendemos como recusa. Também entramos em contato com orientadores escolares para conhecermos a realidade da presença de filhos(as) de pais homossexuais nas escolas. Entrevistamos três orientadoras de escolas públicas do município de Santa Cruz do Sul. Constata-se a ausência de pesquisas sobre famílias não convencionais, especificamente com pais e mães homossexuais ou em atuais arranjos homoparentais, em contextos do interior ou zona rural. Da mesma forma são poucos os estudos sobre filhos(as) de pais/mães homossexuais focados nas vivências e experiências destes, no espaço escolar. Além disso, nas saídas de campo, em conversas com professores e orientadores educacionais percebemos que muitos sabem da existência de filhos de pais e mães homossexuais nas escolas, mas os novos arranjos familiares não se tornaram tema de estudo, debate ou gerador de práticas pedagógicas que possam ensinar e aprender com tais diferenças. As diferenças são silenciadas e assim, se acredita que entrem no processo de heteronormatização.
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