AVALIAÇÃO DO APARECIMENTO DOS PRIMEIROS SINTOMAS DA HEPATITE B VERSUS A SUA NOTIFICAÇÃO E INVESTIGAÇÃO
Resumo
O Vírus da Hepatite B (VHB) é responsável por cerca de 780.000 óbitos ao ano no mundo, sendo a décima causa de morte, o que representa um grande desafio frente a sua redução. São mais de dois bilhões de pessoas que apresentam evidências sorológicas de infecção passada ou presente por este antígeno. Para agravar ainda mais a cadeia de transmissão da infecção, vale ressaltar que, a maioria das pessoas desconhecem a sua condição sorológica. Apenas uma em cada 20 pessoas, que contraíram a hepatite viral, tem conhecimento de sua infecção e apenas uma em cada 100 enfermos recebe o tratamento. Um dos mecanismos para agilizar o diagnóstico é a realização do Teste Rápido (TR), o qual é capaz de detectar a infecção pelo VHB em indivíduos com doença aguda. Assim, tem-se como objetivo do trabalho, avaliar o tempo de espera dos usuários acometidos pelo VHB, desde a data dos primeiros sintomas até a de investigação da doença, bem como a data de notificação até a investigação. Trata-se de um estudo epidemiológico e descritivo, conduzido a partir de dados secundários, correspondentes aos anos de 2011 a 2016, junto às fichas de notificação para o VHB, registradas no Sistema de Informação de Agravos e Notificação, obtidos no Centro Municipal de Atendimento à Sorologia (CEMAS) da cidade de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. Dentre os principais resultados, verificou-se que dos 54 casos notificados por hepatite B, a maior incidência foi no ano de 2016, com 18 casos. A média de tempo entre o aparecimento dos primeiros sintomas do VHB, até ocorrer a investigação, foi maior no ano de 2014, cujos nove casos obtiveram uma média de dois anos, cinco meses e 17 dias de espera. Ressaltando-se que neste período, somente um paciente esperou 14 anos, oito meses e três dias para começar a investigação dos sintomas. Em 2015, também foram obtidos nove casos, contudo a média foi menor, 4 meses e 23 dias. Em 2016, dos 18 casos notificados, ou seja, o dobro do valor encontrado em 2014, a média de espera foi de aproximadamente dois anos. Já quanto ao tempo da notificação até a investigação da doença, houve uma média considerada satisfatória, ou seja, para a grande maioria dos casos, o começo da investigação foi no mesmo dia em que houve a notificação da doença, já nos anos em que isto não ocorreu, a média não passou de 16 dias. Logo, pode-se concluir que as pessoas demoram para recorrer aos serviços de saúde após sentirem os primeiros sintomas da doença, processo que pode ser agilizado pela realização do TR para a hepatite B, uma vez que, estes são disponibilizados na rede pública de saúde. Por outro lado, foi possível perceber através da data de notificação versus a investigação, que a rede de atenção à saúde está organizada e demonstra que não há somente uma agilidade por parte dos profissionais envolvidos, mas também um comprometimento e seriedade dos mesmos, posto que quanto mais breve for a investigação, mais rápido será o tratamento.
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