ESTUDO DE CASO SOBRE O COMPORTAMENTO PARANOIDE

Helena Dupont Von Appen, Dulce Grasel Zacharias

Resumo


Este estudo de caso compõe um trabalho apresentado à disciplina de Estágio Integrado III, realizado no Serviço Integrado de Saúde (SIS), localizado na Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Relata história de uma paciente de 25 anos, que é atendida no SIS desde 2016, aqui chamada de Julia para preservar sua identidade. Julia coloca como ponto central de sua queixa a frustração por não conseguir um ótimo emprego que envolva sua área de formação, relatando que já passou por diversas vagas de emprego, mas não foi selecionada, pois alguém da equipe de recrutamento pensava mal a seu respeito. É perceptível em seu comportamento alguns traços de personalidade paranoide, além de dificuldades de conseguir diferenciar-se de sua família de origem, demonstrando codependência. Também é levado em consideração o transtorno depressivo, diagnóstico que Julia traz em sua história de vida e que a levou a ser atendida no Capsia e, em seguida, ser encaminhada ao SIS. Quando Julia chegou ao serviço em 2016, sua queixa central era o sentimento de tristeza, acompanhada de um diagnóstico de depressão. Numa rápida análise em seu prontuário, este caminho foi sendo trilhado pelos demais estagiários. No ano de 2019, ao perguntar sobre o motivo de continuar no serviço, Julia expõe que se sente muito frustrada em relação aos empregos que não deram certo, no seu diploma que não a ajuda a conseguir um bom cargo em uma empresa, e as sessões giram em torno deste tema.  Em relação ao diagnóstico de depressão, não apareceram sintomas em sessão, mas quando perguntado, Julia ainda consente que possui este diagnóstico e que faz o tratamento medicamentoso. Ao longo dos atendimentos levados para discussão nas supervisões, foi levantada a hipótese diagnóstica de Transtorno de Personalidade Paranoide e, por mais que seja possível perceber a desconfiança excessiva, não há critérios suficientes para fechar o diagnóstico. Mesmo assim, é relevante considerar esta particularidade de Julia. Além disso, também é nítida a sua preocupação excessiva com os membros da família, se sentindo atingida toda vez que alguém está enfraquecido. Com isto, Julia acaba colocando-se na responsabilidade de cuidar dos demais membros da família, o que a sobrecarrega e a impede de olhar para si. Por fim, é possível perceber que Julia compreende a importância da psicoterapia oferecida no Serviço Integrado de Saúde, preocupando-se com suas faltas. Neste processo terapêutico, Julia teve um espaço para falar de suas frustrações e desânimos em relação às suas idealizações de trabalho. Além disso, ao falar de suas conflitivas familiares, Julia se deu conta da posição de cuidadora que exerce, algo que não havia percebido antes.

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