NARRATIVAS: UM ENCONTRO TERAPÊUTICO

Fabiana Lorenzon Prates, Geovana Machado da Silva, Teresinha Eduardes Klafke

Resumo


O presente trabalho denominado Narrativas: um encontro terapêutico, iniciado no primeiro semestre de 2019, é parte integrante das atividades obrigatórias do Estágio Integrado em Psicologia, desenvolvido em um CAPS da região. O Grupo Terapêutico Narrativas se reúne semanalmente, sempre às quartas-feiras e tem a duração média de uma hora, sendo realizado por uma dupla de estagiárias de psicologia do serviço, orientado por uma professora do curso de psicologia da Unisc e supervisionado por duas psicólogas do local. A cada encontro, é apresentado ao grupo um ou mais dispositivos para dar início às narrativas. Este dispositivo pode ser um texto, uma música, um desenho, um objeto, um vídeo, uma fotografia, etc., ou seja, qualquer suporte narrativo que possa suscitar questionamentos que possam ser abordados pelo grupo. A partir deste dispositivo o grupo constrói sua própria narrativa, que também pode ter formatos diversificados e são criadas conforme o desejo do próprio grupo. O espaço e formato do grupo também é repensado e refeito, conforme os encontros vão acontecendo e os pacientes assim o desejarem. Tem como público alvo qualquer paciente, que necessite e deseje participar da oficina, exceto aqueles que possuem um comprometimento cognitivo que possa impedir esta participação. O Grupo é aberto, ou seja, não tem prazo para o término e permite que entrem e saiam pessoas do grupo. A proposta do Grupo Narrativas é atingir as demandas existentes de pacientes do serviço, de forma criativa, que funcione como dispositivo terapêutico para expressão das mais variadas emoções, explorando formas de cuidados que tragam inclusão, convivência, vivências, fortaleçam vínculos e desenvolvam questões subjetivas que possam ser abordadas pelas diversas formas narrativas. O Grupo é um lugar onde os pacientes podem falar de seus sofrimentos, alegrias, angústias, onde eles podem chorar e rir de si mesmos, podendo assim, na troca coletiva, ressignificar suas próprias histórias de vida e oferecer ajuda mútua. Até o presente momento já foram realizadas um total de 14 encontros e percebemos que existe uma boa vinculação no grupo. As produções e discussões são muito ricas e cheias de significados, sendo em sua grande maioria textos, construídos de forma coletiva, através de anotações de frases e ideias ditas pelos participantes. Deve-se levar em conta, que todo o mundo social em que vivemos se constrói através de narrativas, pois as trocas, o simbólico, se dá através de trocas narrativas, principalmente, na maioria dos casos, através da linguagem. Além disso, as narrativas têm uma relação bastante estreita com a forma como experienciamos o mundo, como o compreendemos e somos compreendidos. Além disso, a possibilidade da criação narrativa pelos pacientes traz a eles a liberdade de utilização de diferentes formas de expressão, onde podem ser autores, sujeitos de suas subjetividades. Esta liberdade de narrar é o fio condutor desta oficina, onde os pacientes têm autonomia de existir em suas histórias, histórias de vidas ou inventadas, trabalhando dentro de um espaço amplo de possibilidades.


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