TRABALHADOR NA CULTURA DO FUMO SOB AS LENTES DA PSICODINÂMICA DO TRABALHO.
Resumo
O presente trabalho, proposto pela disciplina de Psicologia do Trabalho II, do curso de Psicologia, da Universidade de Santa Cruz do Sul, constitui-se de um seminário com foco no cotidiano dos trabalhadores rurais na cultura do fumo, a fim de ser analisado a relação entre saúde física e mental com o trabalho. Nesse sentido, trazemos à luz da psicologia aspectos como sofrimento, prazer e a relação homem-trabalho. O objetivo da pesquisa é realizar uma busca histórica dessa profissão e através da narrativa fotográfica mostrar a realidade de tais trabalhadores, no que tange a produção de tabaco como atividade principal para seu sustento, conhecendo as tarefas da cultura do fumo e os efeitos destas sobre o trabalhador e a trabalhadora especialmente e, mais diretamente, sobre a sua saúde mental, o que abriu caminho para a Psicopatologia do Trabalho. Este estudo utilizou-se de pesquisa bibliográfica, enriquecida com artigos referente à fumicultura e à Psicodinâmica do Trabalho, entrevista semi-estruturada e o uso da fotografia como forma de desenhar a realidade dos desafios, das angústias e do prazer envolvidos ao trabalho na fumicultura. Entrevistamos um casal de agricultores de uma cidade considerada a segunda maior produtora de tabaco do Brasil. As narrativas de ambos levavam a uma ideia de ciclo, de um trabalho que perpassa gerações, com início na infância. Este ciclo de difícil desprendimento da cultura de tabaco se justifica através do pouco acesso à educação, uma vez que não se podia estudar ou quando se fazia era até as séries iniciais, pois tinham que ajudar os pais na lavoura. Hoje em dia está naturalizado nestes trabalhadores a ideia de que este é o único trabalho possível de angariarem um capital razoável comparando com o pouco estudo que eles têm, por isso não conseguem nem introduzir o plantio de outras culturas, quiçá buscarem outras formas de colocação no mercado de trabalho. Outro ponto a ser destacado é o quanto o trabalho nesta área é duro e exigente, passando dos riscos naturais que a plantação pode sofrer a qualquer tempo, aos riscos da saúde dos trabalhadores estando expostos ao sol intenso e aos agrotóxicos, além de grande esforço físico e há também os problemas psíquicos relacionadas pressão e persuasão das empresas fumageiras na hora da compra do produto, se configurando como uma forma de servidão moderna, o que está ligado os altos índices de depressão e suicídio dentro destas propriedades rurais. A ligação entre o trabalho realizado de forma a castigar o corpo e mente, vai ser o combustível para o aparecimento a médio e longo prazo de várias doenças psíquicas e físicas dos trabalhadores. Ao realizar a atividade proposta, conseguimos nos aproximar de fato das dificuldades desses trabalhadores, e através das narrativas do casal entrevistado passamos a compreender de forma mais clara a relação de sofrimento e prazer que o ser humano prova na vivência de um dia de trabalho.
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