DESLIGAMENTO INSTITUCIONAL: DO ABRIGO PARA A VIDA ADULTA E OS DESAFIOS DA MAIORIDADE

Andreia Esperidiao Port, Ana Luisa Teixeira de Menezes

Resumo


Este trabalho consiste em uma prática desenvolvida ao longo do Estágio Integrado em Psicologia III e IV. Descreverei a realização de uma análise comunitária em uma instituição de acolhimento - Abrigo Municipal, sendo essa uma entidade cumpridora de medida de proteção que acolhe crianças e adolescentes em situação de risco pessoal ou social, de caráter provisório e excepcional, sendo utilizável como forma de transição para reintegração familiar e/ou para integração em família substituta. Este local foi escolhido por ser um espaço que oferece proteção para os adolescentes e por se caracterizar como um ambiente que possibilita a participação da vida comunitária através de recursos escolares, profissional e de lazer para os que vivem lá. O objetivo é conhecer como se dá o processo de inserção familiar e comunitária, e de compreender a realidade vivida e sentida por esses adolescentes que estão em processo de desligamento do abrigo pela maioridade. Seguindo os caminhos que a psicologia comunitária nos oportuniza, buscando nos experienciar e escutar os desejos e sonhos desses meninos e meninas para que posteriormente possamos pensar sobre este tema a partir de uma perspectiva que ainda não nos é conhecida e sob a visão dos próprios adolescentes. A perspectiva da análise comunitária é viabilizar encontros dialógicos, reflexivos e vivenciais, possibilitando as pessoas envolvidas na comunidade reconhecerem-se como sujeito ativos e ressignificadores de suas relações, proporcionando o repensar seus modos de vida. Como metodologia vivencial a análise comunitária, intenciona a qualidade de vida, o desenvolvimento das potencialidades singulares e coletivas, a criação de vínculos e contemplação da vida. Sabendo que é na vivência e na participação do cotidiano dessa comunidade, que nos vincularemos sensivelmente e emocionalmente, buscou-se vivenciar esse momento com os adolescentes desde o início do processo, construindo junto com eles, práticas que contribuíssem para que alcançar seus objetivos futuros, os acompanhando na procura por emprego, local para morar, organização financeira, fortalecimento dos vínculos familiares e de sua autonomia sobre escolhas e suas decisões futuras. Os jovens nessa perspectiva são percebidos e convidados a serem pesquisadores de suas próprias realidades, ou seja, que possam assumir a existência de suas vidas. Inicialmente, encontramos algumas dificuldades de vinculação com os adolescentes, no entanto no decorrer das vivências esses entraves foram sendo superados. Por se ter conhecimento que o objetivo da psicologia comunitária é facilitar a construção da identidade humana, aplicada na transformação da expressão singular da vida social e comunitária, e por existir um forte vínculo desses adolescentes com o abrigo e com os profissionais daquele local, sendo eles a referência das mesmas, observou-se a existência de uma fragilidade da equipe de monitores em trabalhar com esse público. Acreditamos que caso não haja uma preparação adequada do desligamento, eles poderão encontrar dificuldades em dar segmento em sua vida fora do abrigo, prejudicando assim seu desenvolvimento. Percebeu-se a necessidade de haver uma capacitação teórica para equipe, possibilitando a eles desenvolver um melhor entendimento das demandas apresentadas por esses adolescentes. O aprofundamento nos estudos na psicologia comunitária, nos possibilitou perceber a necessidade de um olhar mais amplo sobre a realidade vivida por esses jovens.


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