SENTIDOS PRODUZIDOS PELO TRABALHO EM ILPIS: A PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM ACERCA DO SEU TRABALHO TEÓRICO-TÉCNICO

Rafael Luis de Souza, Patrícia Silveira, Ariela Pfeifer, Betina Hillesheim

Resumo


O envelhecimento populacional é um dos fenômenos mais observados na população brasileira atualmente, sendo de obrigação da família, sociedade, comunidade e do Poder Público assegurar a total efetivação do direito à vida dos idosos. Segundo o Estatuto do Idoso, os idosos brasileiros são caracterizados por pessoas com idade igual ou superior a 60 anos e esta etapa da vida se caracterizada pelo declínio dos aspectos físicos, psicológicos e sociais do indivíduo. Devido a mudanças socioculturais, as Instituições de Longa Permanência (ILPI) vêm destacando-se como uma importante opção de moradia e assistência para a pessoa idosa que delas necessitam. Essa nova demanda tem exigido dos profissionais da área maior apropriação de estudos que norteiam o cuidado destes idosos, assim como maior conhecimento da realidade social e de saúde destes. Alguns fatores que podem levar os idosos brasileiros ao caminho da institucionalização são: morar sozinho, ser celibatário, viuvez, escassez de recursos financeiros, entre outros. Com o intuito de regulamentar as práticas das ILPIs no Brasil, a ANVISA criou as normas reguladoras para o seu funcionamento (conhecida como RDC 283, 2005), sendo papel da agência, fiscalizar estas instituições de acordo com a norma. No contexto de institucionalização do idoso, o cuidador, assume papel fundamental de auxílio nas tarefas do dia a dia. Os cuidadores não precisam ter formação de auxiliar ou técnico de enfermagem, sendo esta profissão reconhecida como uma ocupação pelo Ministério do Trabalho e Renda (CBO 5162-10). A presente pesquisa teve como objetivo analisar os sentidos atribuídos pelos profissionais de saúde que trabalham em ILPIs frente a sua formação e o modo como percebem que as políticas públicas têm embasado seu trabalho. Para a elaboração do projeto de pesquisa foram realizados pesquisa bibliográfica em artigos científicos na plataforma SciELO e livros do acervo da UNISC. A pesquisa de campo foi de cunho descritivo com abordagem qualitativa realizada com profissionais de três ILPIs, localizadas no município de Santa Cruz do Sul/RS. Por meio de entrevistas semiestruturadas, foram entrevistados seis profissionais, sendo três enfermeiras e três técnicos de enfermagem. Cada profissional contribuiu de forma voluntária, mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. As perguntas tiveram como objetivo analisar os sentidos atribuídos pelos profissionais e após, foi aplicado o método de análise de discurso. Nos relatos dos entrevistados, por serem leis novas que asseguram o direito dos idosos, fica evidente a falta de preparo técnico para o trabalho. notou-se uma falha em seu processo de ensino que acaba formando profissionais com um pequeno e superficial conhecimento sobre as políticas públicas que abrangem o envelhecimento no Brasil. Porém, mesmo sem este apoio acadêmico, e sendo o trabalho em ILPI um trabalho que exige bastante dos profissionais - tanto mental, quanto fisicamente -, os mesmos ainda conseguem sentir prazer no trabalho realizado com os idosos, e demonstram sua felicidade em serem reconhecidos pelos residentes. Considera-se também, de suma importância para que as universidades pensem em melhores formas de incluir os conhecimentos sobre gerontologia, gestão de ILPIs e sobre as políticas públicas de saúde do idoso em seu currículo, em vista que, a área da enfermagem acaba por ser responsável por estas instituições, e responde judicialmente por elas.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.