OS DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO DOS CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL DO INTERIOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Thais Soares Marques, Kelly Rodrigues de Oliveira, Cristiane Davina Redin Freita

Resumo


Os Cuidados Paliativos têm por objetivo oportunizar a humanização nos atendimentos a pacientes sem possibilidade de cura. Os pacientes recebem assistência e acolhimento da equipe multidisciplinar, que proporciona conforto a eles e seus familiares que passam pelo momento difícil da morte. O assunto morte é tabu para algumas pessoas. Por mais que seja algo universal, ainda existe o medo de sentir a insuportável dor da perda. Neste sentido, o presente trabalho tem o propósito de compreender e contextualizar a implementação dos Cuidados Paliativos num Hospital do interior do Estado de Rio Grande do Sul, demonstrando a perspectiva dos profissionais que fazem parte do grupo de pesquisa dos Cuidados Paliativos. Também, pretende identificar os problemas encontrados na inserção e desenvolvimento do serviço. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa de natureza descritiva. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semiestruturadas com profissionais envolvidos no Grupo dos Cuidados Paliativos. Na discussão dos dados emergiram quatro categorias: a primeira, refere-se ao significado dos Cuidados Paliativos para cada profissional entrevistado; a segunda, os sentimentos manifestos no que tange a este processo; a terceira, os desafios encontrados e a quarta, como está ocorrendo a implementação. Ao analisar as informações surgidas percebe-se que não há total compreensão do significado dos Cuidados Paliativos, para os profissionais das diferentes áreas. De modo geral, eles entendem que são cuidados prestados a pacientes sem possibilidades terapêuticas de cura no sentido de controlar e aliviar o sofrimento físico, psicossocial e espiritual do indivíduo. Além disso, essa terapêutica deve ter um caráter multidisciplinar que possibilite um cuidado integral, no qual a ocorrência da morte seja digna e sem sofrimento. Entretanto, alguns profissionais focam sua perspectiva mais na dor física, vinculando as técnicas apenas no final da vida. Desse modo, foi possível constatar a falta de conhecimento específico, pois ao serem questionados sobre a sua graduação, houve relatos que, em nenhum momento foram abordadas tais temáticas. Tal falta de conhecimento pode estar relacionada com a pouca experiência e maturidade para lidar com a morte, ausência essa que traz uma carga de sentimentos para esses profissionais. A certeza de que há muito a se fazer é de grande valia para os multiprofissionais envolvidos na construção do grupo, pois o mesmo está concretizando a implantação da melhor forma possível. Conclui-se com o desejo de dar mais visibilidade e ênfase para o significado dos Cuidados Paliativos, através da compreensão de que o bem-estar do paciente deve ser mais relevante do que a longevidade. Da mesma maneira, espera-se que pacientes, familiares e profissionais da saúde, possam entender que a elaboração da dor e da morte devem ser considerados processos naturais, sendo necessária a problematização do assunto.

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