O POLIMORFISMO DO RECEPTOR 2A DA 5-HIDROXITRIPTAMINA (5-HTR2A) E A DEPRESSÃO MAIOR EM UMA AMOSTRA DO VALE DO RIO PARDO, RS, BRASIL.

Andreia Koche, Laisa Laura Dickow

Resumo


 

O transtorno depressivo maior é uma doença multifatorial influenciada tanto por fatores genéticos como ambientais, o qual compromete toda a vida do indivíduo. Este estudo teve por objetivos verificar a presença ou ausência da associação do polimorfismo T102C com o transtorno depressivo maior; investigar algumas características sociodemográficas; histórico familiar de desordens psiquiátricas e alguns hábitos vida da população investigada. É um estudo de caso-controle com 84 indivíduos residentes na região do Vale do Rio Pardo, sendo 27 indivíduos com diagnóstico de depressão maior, atendidos pelo Centro de Atendimento Psicossocial de Santa Cruz do Sul e um grupo controle com 57 indivíduos sem o diagnóstico depressivo, coletados aleatoriamente. Foram coletados 5 ml de sangue, sendo a extração do DNA e a genotipagem realizada no laboratório de Genética e Biotecnologia da Unisc. A técnica de extração de DNA utilizada foi o Salting Out; (Muller, 1998) e seguiu-se com a reação de PCR (Polymerase Chain Reaction), onde se utilizou dois prímers específicos bem como condições de amplificação também específicos para o polimorfismo T102C, sendo o processo de PCR realizado em termociclador, resultando assim um amplicon de 425 pb, o qual foi digerido pela enzima de restrição MSPI e posteriormente submetido à eletroforese vertical em gel poliacrilamida 6% e exposto à luz UV, onde se visualizou os fragmentos de 425 pb, 249 pb e 176 pb. Para análise dos dados foi utilizado a programa BIOESTAT 5.0, as distribuições alélicas, genotípicas e outras características foram comparadas pelo teste Qui-quadrado (χ2), a associação com o comportamento depressivo através do teste de Odds Ratio com intervalo de confiança de 95%. Para os dados sociodemográficos, houve predomínio do sexo feminino (70,4%; 61,4%) e etnia branca (74,1%; 96,5%) tanto para grupo de pacientes como controles respectivamente, mas divergindo em relação à escolaridade, sendo o ensino fundamental incompleto predominante para pacientes (55,6%) e o ensino superior incompleto para os controles (84,2%). Não houve diferença estatística significativa entre pacientes (62,9%) e controles (47,4%) para o histórico familiar de desordem psiquiátrica, sendo a depressão maior a mais frequente entre esses familiares. O hábito de fumar prevaleceu no grupo de pacientes (33,4%) que nos controles (5,3%), e também para o número de cigarros consumidos por dia (30,6 pacientes; 4,9 controles). Para prática de exercícios não houve diferença estatística (controles 88,9%; pacientes 64,9%). Como esperado os pacientes (81,5%) consumiam mais medicamentos de uso contínuo que os controles (14%), sendo os mais utilizados os inibidores de recaptação de serotonina + antidepressivos tricíclicos e o estabilizador de humor. Os pacientes apresentaram maior contato com agrotóxicos (37%) em relação ao grupo de controles (8,8%). Todas as frequências observadas dos grupos estavam em equilíbrio de Hardy-Weinberg, e através do teste Odds Ratio não foi possível identificar associação entre o alelo C ou genótipo CC e a depressão maior, sendo este resultado também encontrado por Khait et al. (2005). A depressão maior hoje é uma doença comum, e é a interação ambiental e genética que pode levar a expressão desta no indivíduo. Este estudo e outros são de fundamental importância para um maior conhecimento sobre essas interações e possíveis predisposições genéticas para desenvolvimento de doenças.

 


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