REJEIÇÃO E ABUSO SEXUAL INFANTIL: O DESEJO DE RESSIGNIFICAR ESTES SENTIMENTOS E QUALIFICAR OS CUIDADOS COM O FILHO.

Dulce Grasel Zacharias, Elli Welter

Resumo


 

Este trabalho nasceu baseado em uma atividade do Estágio Curricular do curso de Psicologia realizado no Serviço Integrado de Saúde (SIS). Determinou-se a temática em função de várias reflexões que se originaram dos atendimentos psicoterápicos individuais, escolhendo um caso específico atendido desde o mês de abril deste ano no Serviço. A queixa inicial da paciente foi à dificuldade de lidar com seu bebê que nasceu em fevereiro de 2011, me pareceu na verdade um caso interessante de se trabalhar pela colocação dela em estar precisando de ajuda, assim como pela sua dificuldade de se vincular as pessoas. O tema abordado fica ligado a muitas outras questões que se originaram lá na infância e que a acompanham nestes anos. O abuso sexual sofrido através do pai com nove anos de idade de certa forma poderá estar atrelado aos seus sentimentos de menos valia rejeição e baixa autoestima, em função da vontade de estar chamando a atenção através da fala alta e excessiva. Este aspecto da sedução do pai para com a filha danifica o recalcamento da corrente afetuosa e o da agressiva, resulta em consequências tanto na resolução edipiana quanto na formação dos ideais. Entendi que haveria a necessidade de confrontá-la pelo fato dela ter facilidade de expressão e ao mesmo tempo demonstrar estar desempenhando um papel de não se permitir segurar o conhecimento adquirido de uma sessão para a outra. Abordar a questão do pensar sobre si e suas dificuldades de relacionamento para a paciente foi uma das coisas que mais lhe impactou desde o início do tratamento comigo em função dela me referir que era algo difícil de fazer. Vejo que um dos mais importantes pontos a explorar é a reflexão vinculada a sua história de vida dando seguimento ao atendimento do filho e entendimento do fato de ser mãe em função desta escolha nesta fase da vida. Optou agora por ter experimentado tudo que quis experimentar e não se arrepende, ou seja, segundo a paciente aventurou. Para ela estes experimentos não foram ruins, a venda do corpo teve um significado de conquistar um lugar para morar por se queixar de não ter tido uma família que a apoiasse. O desejo da construção de uma família atualmente se reproduz para ela como uma forma de pertencimento, uma família que ajusta o limite certo para a definição e o amparo das diferenças humanas, produzindo um formato para os papéis distintos, e ao mesmo tempo vinculados, do pai, da mãe e dos filhos. Este trabalho com psicoterapia individual visa proporcionar-lhe condições para que a mesma avance no decorrer das sessões, trazendo seus conflitos internos com a vontade de posterior elaboração, elaboração das suas defesas, aquilo que refere ter sido bom, ainda não estar elaborado devido as suas queixas e o que foi ruim produzir um entendimento para poder ajudá-la. A paciente tem utilizado o serviço para tratamento psicoterápico em anos anteriores e isto de certa forma poderá facilitar o surgimento de novos insigts, ou seja, uma maior compreensão sobre a sua capacidade de entender-se. Neste estudo estou me detendo nas questões mais agudas que a paciente traz em função de provocá-la a pensar em uma nova forma de começar a resolver estas dificuldades que lhe asseveraram um sofrimento psíquico durante todos estes anos. Vale lembrar que este é um estudo qualitativo que não visa obter dados generalizáveis, mas apenas levantar subsídios que possibilitem estudos mais aprofundados.

 


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