INCIDÊNCIA DE CESÁREAS SEGUNDO FONTE DE FINANCIAMENTO DA ASSISTÊNCIA AO PARTO NO HOSPITAL SANTA CRUZ

Vera Lucia Bodini, Andressa Panazzolo Maciel, Eduardo Coma Reis, Manoela Suzana Persch, Robson Antonio Gonçalves

Resumo


 

A gestação é, acima de tudo, um fenômeno fisiológico e 90% delas evoluem até o nascimento sem intercorrências. Com o surgimento e expansão da avaliação pré-natal, que apresenta entre seus objetivos a identificação de fatores de risco e complicações gestacionais, os profissionais de saúde têm a possibilidade de avaliar sob uma visão ampla as condições de saúde da mãe e do feto, que fornecerão subsídios para a escolha da via de parto a ser indicada. Embora a maioria das gestações evolua sem complicações, o que deveria tornar a indicação de parto vaginal mais expressiva, pesquisas têm mostrado crescente aumento na taxa de partos cesáreos. Sua prática indiscriminada preocupa, pois consiste em um procedimento cirúrgico e que podem envolver complicações operatórias; acarretando em maior de infecção puerperal, morbidade e mortalidade materna, aumento do risco de nascimento prematuro e de mortalidade, o que em algumas situações pode acarretar em aumento no tempo de hospitalização e prejudicar o estabelecimento do vínculo entre a mãe e o bebê. O presente artigo buscou analisar os tipos de partos, comparando-os com a categoria de internação da gestante. A partir de dados coletados no registro geral de nascimentos do centro obstétrico do Hospital Santa Cruz (HSC), na cidade de Santa Cruz do Sul (RS), foi realizada uma análise retrospectiva descritiva dos partos em 2010. Levantados os tipos de parto e categoria de internação, obtiveram-se dados de 1422 partos no período, 841 (59%) por parto cesáreo e 581 (41%) por parto vaginal. Na rede SUS, obteve-se 535 (50,52%) partos cesáreos e 524 (49,48%) partos vaginais. No atendimento por convênio, 275 (86,47%) partos cesáreos e 43 (13,53%) vaginais. Já nos particulares, 31 casos de partos cesáreos (68,53%) e 14 vaginais (31,12%). Aplicou-se também o teste Qui-Quadrado, com um nível de significância de 5%, onde se rejeitou a hipótese de igualdade entre os tipos de parto, observando-se um número acima do limite para aceitação. A incidência de cesariana variou segundo a categoria de internação, observando-se uma grande disparidade na incidência de partos cesáreos na rede privada e por convênio, em comparação com a rede pública, o que pode demonstrar que o poder aquisitivo e o contato mais próximo com o profissional de saúde podem influenciar na escolha. Desta forma, conclui-se que o estudo detectou incidência de cesáreas com valor próximo aos divulgados pelo Ministério da Saúde em nível estadual e no município de Santa Cruz do Sul, estando todos acima dos valores preconizados pela OMS. Os dados obtidos indicam a necessidade de que as práticas referentes ao manejo do parto sejam reanalisadas, que inclui o aconselhamento pré-natal, que deve instruir as gestantes com informações baseadas em evidências científicas possibilitando a desmistificação do parto vaginal e o seguimento correto das indicações de cada via de parto pelos profissionais da saúde. O HSC, engajado na perspectiva de caracterizar-se como Hospital Escola e Hospital Amigo da Criança, implanta em suas rotinas condutas de estimulação à humanização no pré-natal e nascimento, que primam pela diminuição da prevalência de cesáreas com sua realização nas condições em que possui indicação por situações obstétricas restritas. Da mesma forma, os programas de atenção à saúde da mulher, como o Programa de assistência integral à saúde da mulher visam o incentivo ao parto natural e redução do número de cesáreas desnecessárias.

 


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